carta amarela #58 – em progresso
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Belo Horizonte, 17 de junho de 2013
Queridos amigos,
Lembro-me muito bem da minha época de escola. Eu não tinha muitos amigos por lá. Era rejeitado pelos meninos por não jogar futebol. Tinha algumas amigas e só. Talvez por isso sempre estudei muito. Sempre achei nas letras grandes companhias. Lembro-me também que era só chegar em temporada de provas que muitos queriam ser meus amigos. Queriam que eu passasse cola na hora da prova. Até certa época, eu sempre fazia. E aquelas amizades se esvaíam pouco tempo após cada prova.
Certo dia resolvi que não daria mais cola. Eu estudei, uai. E foi então que depois dessa prova, ainda me lembro bem, uma prova de ciências, alguns meninos da minha sala vieram me bater. Jogaram-me suco, me deram empurrões. Ganhei uma cicatriz e um pouquinho mais de orgulho próprio. Na próxima prova, vieram aqueles mesmos me lembrar que eu ia apanhar se não passasse cola. Então resolvi jogar sujo. Fiz minha prova toda errada e deixei que dessem uma espiadinha. Passei cola, toda errada também. Eles foram embora satisfeitos, mas quando saíram as notas, se assustaram. Não mostrei minha prova, e na cabeça deles fiquei com cara de burro e não me pediram cola mais.
É um pouco isso que tenho pensado ultimamente. Quantas pessoas vocês conhecem que tem gato na TV a cabo? Que compraram sua carteira de motorista? E não indo tão longe: Quantas burlam a lei seca? Passam dos limites de velocidade mas diminuem exatamente na altura do radar? E quando o avião pousa, e a luz de cintos atados continua acesa, mas todo mundo se levanta, impaciente pra sair da aeronave?
Pois é. Em mim a carapuça também serviu. E aí, nesse exato momento do país fico pensando se eu não devia começar a revolução por mim mesmo? Fazer barulho adianta sim, e é importante. Talvez se eu começasse a pensar nas pequenas “malandragens” que faço, eu também faria do Brasil um pouco melhor. A gente concentra todas as nossas energias em encontrar os culpados. Uns querem tirar a Dilma do poder. Muitos querem acabar com a corrupção. Mas a corrupção só acaba se entrarem pessoas honestas no poder. Mas quem aí pode levantar a mão de ser 100% honesto? Espero que com esse barulho todo a gente consiga sim mudar o país. E é por isso mesmo que quero me orgulhar de ser um cidadão a altura de um novo país.
Se o Brasil está em progresso, que estejamos nós em progresso também.
Um grande abraço, verde esperança,
Gui
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