carta amarela #54 – desabafo
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Belo Horizonte, 16 de maio de 2013
Queridos amigos,
Confesso. Tenho ficado irritado com alguns comentários que recebo. Uns comentários do tipo: “Ah, receita com fritura de novo?”, “E esse bolo gordo, quanta manteiga! Quero um bolo saudável”. Vou explicar uma coisa: Todas as receitas que posto aqui são receitas que eu faço no dia a dia da minha casa. Eu abro a geladeira e resolvo: O que posso fazer com o que tenho aqui? E todas elas são feitas da forma que eu acho melhor. Faço fritura de vez em quando em casa? Sim. Amo batata, mandioca e peixe frito, mesmo que eu opte várias vezes por fazê-los de forma diferente. Os melhores bolos vão muita manteiga? Vão. Ao mesmo tempo tenho várias receitas de saladas e sopas leves, porque eu também amo comer isso? Amo.
Algo que me incomoda muito no Brasil é o culto ao corpo. Com a desculpa de levar uma vida saudável vejo pessoas e mais pessoas passando a vida na academia e comendo salada. Se você está feliz com isso, ótimo, mas não é pra mim. Inspiro-me muito com o que vivi em Paris. Poucas pessoas vão à academia. Mas ao invés de pegar o carro pra ir a todo lugar, eles vão de bicicleta. Eles vão a pé. Isso já não é um ótimo exercício? Eu mesmo sou um apaixonado por pilates. Me faz sentir bem comigo mesmo, ao contrário das inúmeras repetições que eu fazia na academia. Amo andar a pé. Foi assim que eu descobri vários cantinhos de BH, de Paris, de Buenos Aires.
E quanto a comida saudável? Conheço várias pessoas que vivem de regime, se entupindo de produtos que compram em lojas de produtos saudáveis. Dia desses bati o olho numa tabela nutricional de torradas sem glúten e quase caí de costas com a quantidade de sódio e açúcares. Em vez de comer isso, que tal um pãozinho ou biscoito feito em casa? Tenho aprendido que a comida mais saudável que posso comer é a feita em casa. É a que tem menos sódio, açúcares e que eu sei dosar bonitinho a quantidade de manteiga ou azeite que ponho. Meus doces não tem quase nada de açúcar. Meus pratos salgados, pouquinho sal. Eu mesmo faço os caldos de carne, frango e legumes daqui de casa. Você pode dizer: não tenho tempo pra isso. Mas tempo pra passar 8 horas na academia por semana você tem? O meu maior prazer na vida é comer bem, e foi isso que instituí na minha alimentação. Eu mesmo decidi praticamente parar de tomar refrigerante porque eu sentia meu estômago pesado ao tomá-lo. Mas não vou deixar de comer frituras de vez em quando. Não acho certo quem só vive de comer gorduras, frituras, refrigerantes e coisas não saudáveis, porque aí sim acho que é uma destruição ao próprio corpo. Mas acho que hoje em dia a gente chegou no excesso da “saudavelização da vida”. E só viver de salada e exercícios físicos pra mim, não é ser saudável.
Eu me sinto bonito em poder comer um prato de coxinhas e sorrir ao me sentir empanturrado. Eu me sinto bonito com alguns pneuzinhos. Minha avó morreu feliz, diabética, comendo doces todos os dias. Eu posso até morrer mais cedo pelas opções que faço ao comer, mas sei que estarei feliz assim. Pra mim importa a saúde, mas importa mesmo é ter equilíbrio. Sei que muitos de vocês vão discordar, mas estou realmente cansado de gente dizendo o que eu devo comer ou não. Se a Nigella se sente feliz ao encher a comida de manteiga porque ela se sente com a pele e cabelos “hidratados por dentro”, por que não? São tantas tristezas na vida, se eu posso ser feliz, eu serei. E a felicidade pra mim muitas vezes é um pratão de feijão tropeiro, couve, arroz e costelinha. Com uma cervejinha do lado.
Como diria o Jô, um beijo do gordo!
Gui
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