carta amarela #25 – é tudo tão simples

Paris, 29 de julho de 2012

Queridos amigos,

Tenho gostado de estar com o coração mais tranquilo. Tinha anos que eu não me lembrava como viver tranquilamente férias de verão. Sem hora pra acordar, com belos dias de sol depois de tanto tempo frio e cinza. Um nada pra fazer. Vontades loucas de escrever de madrugada. Comer doces e depois a salada. Inverter a programação. Ir no cinema no meio da tarde. Ficar tempos sozinho. E depois tempos com pessoas queridas. A saudade algumas vezes dói, é verdade.

No fundo tenho é pedido menos preto no branco. Falado menos objetivamente. Calado mais. Utilizado de olhares e sorrisos e palavras soltas, assim, sem nenhuma agenda maior.

Não quero mais pressa de nada. Na verdade, existe é uma vontade enorme de guardar as coisas boas. Não esgotar todos os dias bons. E quando eu falo o que eu penso com todas as palavras, faço questão que o assunto não se resolva ali na hora.

Pra fazer a sensação durar.

Abraços calorosos (mesmo que suados) de verão,

Gui

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  • Marcos de Oliveira diz:

    Essa vontade de viver o agora sempre me impressionou. Em desfrutar cada momento, mesmo não fazendo nada, vendo a vida passar e correr na tranquilidade atrás dela. Respirar e sentir o sabor do agora, do fascínio de perceber que tenho o hoje pra viver a vida sem pensar no que virá!

  • Rodrigo diz:

    Como disse Danuza …
    ” Chique … é ser simples … e de bem com a vida ! ”
    Ela sabe o que diz … não é verdade ? rs
    Adorei o post .
    Se cuidae .

  • Rosa diz:

    Saudade deliciosa do Jd Luxembourg, um sonho de lugar!

  • diz:

    Ohm! Coisa boa hein?!
    Preciso aprender a ter menos pressa e viver mais leve tbm! Escreva um livro por favor! Beijos

  • E lá vem eu complicar a simplicidade… (Simplificando o complicado que vem a seguir, é tudo só pra dizer: obrigado).

    Pra confessar um daqueles segredos que acabamos por dividir com quem nem conhecemos, alguém assim de longe, sem pré julgamento, que faz a gente não ter vergonha nem da falta de culpa em não ter vergonha: eu venho anotando a quebra da sequência de publicações, os números que faltam. Porque, primeiro: sou do tipo que gosta de saber o nome dos pais no meio de uma história e não solicitando RG no meio de um primeiro encontro; segundo: senti falta das palavras; e, terceiro: quando as palavras me faltam, eu não tenho controle sobre essa vontade absurda de saber mais sobre o que as levou a faltar. E onde elas faltaram, e quando, e o que mais que faltou?

    Mas o segredo não é esse. Além do que falta, tem aquilo que sobra – não porque não tenham valor, mas porque a carta amarela do dia já é suficiente até ao leitor mais carente. São as perguntas dos outros, as palavras dos outros, as suas respostas, as minhas palavras aqui, o agora. Então eu queria confessar que, acreditando que você realmente venha a ler meus comentários, cogitando a possibilidade de você dedicar que sejam segundos do seu tempo em respondê-los e mesmo imaginando ser impossível ter tanta sorte num mesmo dia assim – conhecer um blog novo, se reconhecer num desconhecido e ainda receber um e-mail se ele responder meu comentário – eu anotei o número de todas as cartas amarelas em que deixei sobrar algumas palavras minhas.

    Esse segredo quis deixar de ser segredo, porque, no decorrer dos últimos vinte e três textos – cadê o 4 e o 8, gente? – acabei percebendo o quanto dá vontade de as vezes escrever mais e mais, e trocar mais experiência com o autor, e perguntar mais e saber mais. E eu percebi que ao mesmo tempo vou escrevendo sobre a minha experiência, dando respostas às minhas próprias perguntas e, olha só, até sabendo mais de mim mesmo sem querer. Então resolvi confessar, complicando a simplicidade dessa 25ª carta. Porque eu percebi, também, que podia usar algumas daquelas palavras que eu deixei sobrar nas suas cartas para voltar no tempo e escrever algumas minhas. E se você não respondesse, porque não eu o fazê-lo futuramente?

    Eu percebi tudo isso e não era só um segredo daqueles que a gente só compartilha com quem não conhece; não era só um segredo querendo deixar de ser segredo; não era uma confissão sobre essa ansiedade minha de ficar sempre esperando uma coisa de alguém e me deixando desestruturar porque eu só esperava e esperava e esperava e o outro nunca vinha. E não era só elogio pela carta suficiente a qualquer carência. Não era nem por essa corrosão ensandecida por dentro que eu chamo de falta de controle aqui fora. Era a primeira carta que eu escrevia. Eu percebi, no decorrer destas – muitas – poucas linhas que eu estava no presente, revisitando o seu passado, e voltando a enxergar alguma coisa – ainda sem saber o quê, mas alguma coisa – no futuro.

    E eu só queria dizer obrigado. Mas tem aquelas manias que a gente acaba por dividir mais com quem a gente não conhece. Alguém assim de longe, sem pré julgamento, que faz a gente não ter vergonha nem da falta de culpa em não ter vergonha. E acabei dizendo obrigado de um jeito que eu digo que é só meu, mas eu vejo vez ou outra por aí: complicando um pouco a simplicidade pra simplificar nas palavras o que pode ser tão complicado de expressar. Gratidão já é difícil de expressar por quem tá perto, imagina pra quem a gente nem conhece. Eu queria dizer obrigado e fiz dessa carta o meu gesto de gratidão. Assim, de longe, sem vergonha, sem culpa, sem muito antes do obrigado, sem querer, sem cor.

    Obrigado.

    • gpoulain gpoulain diz:

      eu adoro responder todos os comentários. não só os seus. mas acho que qualquer pessoa que tira um tempinho pra vir falar comigo de alguma forma, e a minha forma de retribuir também é respondendo. espero ter sempre tempo pra isso (mesmo que eu demore alguns dias com a correria). tenho adorado ler seus comentários, reviver meu passado junto, e talvez até entender melhor o que vivo no presente. você me agradece pelas minhas palavras e eu aqui agradeço pelas suas. é um círculo vicioso, ops, virtuoso. :)

  • eu que agradeço pelas suas.

    é um círculo vic… virtuoso! haha :)

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