carta amarela #50 – a última
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Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2013
Queridos amigos,
Não posso dizer que sei muita coisa. Mas sigo aprendendo. Há pouco mais de um ano decidi escrever pra contar pra quem tava longe o que se passava aqui. Pois bem, já estou novamente perto não?
Escrevi nesse último ano 50 cartas. Bom, escrevi um pouco mais, mas algumas fiz questão de guardar pra mim mesmo. Escrevi sobre meus medos, minhas confissões, meus projetos. Meus viajantes pensamentos, os encantos que vi, as vivências de uma outra rotina. Sem rotina, muitas vezes. E fiquei feliz com todas as respostas que tive.
Viajar é preciso. Nos acostumamos a viajar na própria mente. Por histórias, fotos, fatos, relatos.
Mas é importante ver com os próprios olhos. Com os olhos do entendimento. E também com os olhos do coração. É preciso sentir a distância, mesmo que seja pra sentir esse sentimento tão cálido e tão apertado que é a saudade. É preciso também sentir o desabrigo, porque talvez só assim a gente reconhece o conforto que deixamos pra trás. Isso nos faz fortes.
Nas palavras de Amyr Klink: “Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”
Algumas vezes sinto vontade de escrever simplesmente para externar algo que não sei bem ao certo o que é – e por mais que esse algo grite aqui, dentro de mim, se eu não escrever se perde nos pensamentos corridos.
Com as vivências, me sinto cada vez mais munido de ferramentas para tomar conta do meu próprio mundo – ou pelo menos para dar conta de um pedacinho que seja. Já não me perco mais como antigamente, nem mesmo desanimo diante de grandes frustrações. Ao contrário, vejo ali a força que faltava para que tudo fizesse sentido. O próprio tempo se encarrega de me deixar cheio de rugas de sabedoria. E se antes me sentia fraco, hoje posso dizer: não tenho mais medo.
Se um homem que não tem um ideal carrega a morte sobre os ombros, posso dizer com felicidade que carrego vida sobre os meus.
Não sei mais dizer au revoir, encaixo aqui um singelo à bientôt.
Gui
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