carta amarela #22 – à procura da felicidade
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Paris, 9 de julho de 2012
Queridos amigos,
Confesso. Tenho o péssimo hábito de jogar minha felicidade nas costas dos outros. Vivo a vida esperando por um amor. Me entrego às minhas inúmeras profissões em busca dessa felicidade. Mudo de cidade, de país. Faço amigos aqui, ali e em qualquer lugar. E sempre espero que esses amigos sejam tão recíprocos em atenção quanto àquela que dispenso.
Claro, a felicidade também está nessas coisas todas que coloquei aí em cima. Mas quando a gente se apóia demais nelas, os tombos acabam sendo piores. A vida é sim cheia de altos e baixos. E o importante é saber lidar com isso da melhor forma possível. Já disse aqui algumas vezes: é preciso entender a transitoriedade das coisas: saber que as alegrias passam e as tristezas também acaba sendo fundamental para aproveitar os bons momentos e pra lidar com serenidade diante de horas ruins.
Algumas vezes sinto vontade de escrever simplesmente para externar algo que não sei bem ao certo o que é – e por mais que esse algo grite aqui, dentro de mim – acaba se perdendo nos pensamentos corridos. Já tentei identificar o que poderia ser essa inquietude, esse pleno desejo de unir palavras e dar a elas força.
O mundo talvez nunca tenha me parecido tão distorcido, mas sinto que a cada dia sou munido de ferramentas para tomar conta dele. Aos poucos eu já não me perco mais como antes, nem mesmo desanimo diante de demonstrações impiedosas. Ao contrário, vejo nelas a força que faltava para que tudo fizesse sentido.
A felicidade não está solta por aí, é a gente quem a faz. Parece simples, e na verdade é simples. Comecei por colocar na minha cabeceira aquela que vem sendo uma frase chave pra mim há muito tempo: felicidade é ter afetos e projetos. De afetos eu sinto que a cada dia tenho aos montes. Com meus projetos, meus objetivos, dou um norte pra minha vida. A felicidade vem, aos pouquinhos, muitas vezes pelo próprio afeto das palavras que compartilho aqui. E é um imã: basta estar feliz para as pessoas te notarem, já perceberam? Assim o amor vem. A sua profissão ganha um novo sabor. Os amigos ficam mais próximos. E tudo faz com que a vida seja ainda mais feliz.
Ontem me perguntaram: Qual a sua profissão? Hesitei. Não quis falar pâtissier. Respondi: faço a vida ser mais doce. Talvez essa seja a minha verdadeira vocação.
Beijos bem doces, de quem não sabe o segredo da felicidade, mas é feliz em querer ser feliz.
Gui
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