carta amarela #19 – fins e começos
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Paris, 17 de junho de 2012
Queridos amigos,
Há alguns anos atrás, quando me formei em design gráfico, tive a oportunidade de escrever o discurso de orador (mesmo que não tenha sido eu quem leu no auditório). Me emocionei escrevendo, pois é a hora em que a gente recorda com maior gratidão todo o vivido, o aprendido, as pessoas que passaram na sua vida, e usa esse passado para começar uma nova vida futura.
Sexta-feira tivemos nossa última aula (sim, passei na prova final e sou um patissier, viva!). Foi uma aula muito tranquila, um dia depois da prova, cada um podia cozinhar o que queria na sala e nos sentamos, todos juntos em volta de uma mesa, cantamos, rimos e comemos daquilo preparado por nós mesmos, enquanto nosso chef contava piadas terríveis.
É normal do ser humano querer viver tudo de uma vez só. E, nesses meses, vivemos afobados. Foi tudo vivido de forma muito intensa. Cada um tem sua vida passada e viemos aqui atrás de novas oportunidades para conseguir o que queremos. Há alguns meses começamos nossa jornada na pâtisserie. Cada qual com seu tempo, seu entusiasmo, seus projetos e dificuldades. Tentando viver um dia de cada vez.
Aprendi, nesses meses, mais do que ser bom profissional. Aprendi a conviver. A rotina nos trazia estafa e comparamos um pouco com o que vivem em um confinamento de reality show: A cada dia um desafio novo, com poucas horas a realizar tudo, se comparado à quantidade de trabalho. Os dramas afloravam, os desentendimentos aconteceram. Aprendemos a trabalhar em duplas que muitas vezes a gente não queria.
Todo mundo veio carregado de valores diferentes, cada um a seu gosto e desgosto. Cada um com suas diferenças, com sua cultura, mas em busca de um mesmo objetivo. Continuaremos indo atrás de outros sonhos. Agradeço a cada um pelo vivido, e, como disse um amigo: “see you all there in the world”.
E também penso que nenhuma conquista poderia ser celebrada com alegria se eu não tivesse ao meu lado aqueles a quem amo e que me fizeram sentir amado sempre. Não há fronteira que me delimite: a minha vitória é também das pessoas que amo, as felicidades são divididas. O que sou hoje é permeado de pedaços de cada uma dessas pessoas especiais. Quando duvidei de mim mesmo, pude continuar porque tive a confiança merecida de quem eu gosto. As experiências compartilhadas, os afetos trocados, os sorrisos e encantos dão sentido ao que foi e será realizado. Agradeço meus amigos, família e especialmente meus pais.
E sei que o vivido foi intenso. Rick se despediu de Ilsa e disse, numa das frases mais famosas do cinema: “We’ll always have Paris”.
Vejo vocês pelo mundo. E nós sempre, sempre teremos Paris.
Um beijo cheio de açúcar,
Gui
Fotos :: Yu Hsuang Cheng
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