carta amarela #18 – banquete
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Paris, 10 de junho de 2012
Queridos amigos,
Cá pra nós: por mais que Olivier Anquier, Claude Troisgros, Jamie Oliver e Nigella Lawson pareçam sempre impecáveis, quem enfrenta forno e fogão numa cozinha comum tem em sua frente muitos imprevistos e muita louça suja que, com o acréscimo de um pouco de bom humor podem render grandes histórias. E também grandes receitas.
E acho que o segredo reside aí: nesse lado mais imperfeito, mais humano e também mais divertido da culinária. E foi assim sempre na minha vida: ao contrário de jogar meus problemas em comer muito, resolvi cozinhar muito.
Sempre gostei de cozinhar. E mais que isso: experimentar sabores diferentes. Agradar paladares, reunir as pessoas. Certa vez namorei um vegetariano. Numa tentativa desesperada de fisgar a pessoa pela barriga comecei a fazer minhas melhores receitas e invenções com uma diferença: retirando a carne. O resultado? Bom, nunca ficava realmente… Bom. Penso que a falta de um determinado ingrediente sempre traz um resultado diferente, mas por experiência própria geralmente esse diferente é pra pior. As tentativas ficavam cada vez mais frustradas e nada convencia esse pretenso gourmet. Tenho aprendido na vida que muitas vezes a gente precisa se adaptar às situações.
Na convivência, seja com amigos, parentes ou em um relacionamento a gente sempre precisa agregar. Nunca é fácil. Mas de novo, cá pra nós, o que é realmente fácil? Vivem me perguntando aqui no blog mesmo: “Como você denomina uma receita como fácil, sendo que você tem técnica pra cozinhar e eu não?” A resposta nunca está na ponta da língua. O que é fácil pra um é difícil pra outro. E o contrário também acontece.
Mas o mais bacana sempre é tentar. Quem nunca deixou um bolo murchar? Quem nunca deixou a comida queimar? Já fiz isso muito mais de uma dezena de vezes. É frustrante? É.
Cada pessoa, assim como cada ingrediente, tem suas características. Sei que arriscar novos sabores e temperos é arriscado, mas se tem uma coisa que coloquei pra minha vida é não ter medo de tentar ser diferente. E talvez seja isso que me diferencie (e diferencie meus pratos) de tantos outros. E talvez seja coisas assim que darão toda uma nova dimensão e visibilidade pro seu menu.
Beijos de um cozinheiro dono de uma cozinha de 3 metros quadrados que transforma singelos ingredientes em pequenas porções de afeto. Porções de afeto, estas, chamadas calorosamente de banquete pelas pessoas mais queridas.
Gui
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