Paris, 8 de abril de 2012

Queridos amigos,

Dia desses uma leitora me perguntou: “Como você faz pra ter um blog tão encantador?”. Dei um sorriso desses de mostrar todos os dentes e, claro, fiquei ‘encantado’ com o elogio. Fico feliz que muita gente se identifica com alguns pensamentos, sonhos e palavras que coloco aqui.

Quando eu era pequeno, meus pais sempre me colocavam para escrever os cartões de aniversário. Eu sempre dizia: não sei o que escrever! E eles me respondiam: escreva o que você sente. E nunca gostei de escrever simples ‘parabéns, felicidades’. Eu gosto é de palavras. Muitas palavras. E mais ainda, do sentimento que a gente consegue passar através delas.

Acredito que nada é realmente original. As minhas palavras vem de um monte de inspirações. E as palavras chegam em mim assim. Eu devoro sem distinção o que me enche de inspiração. É a cidade, o clima, as conversas que ouço no metrô. Sombras, luzes! Árvores, céu, pessoas. Filmes novos, filmes velhos, exposições. Comida! Alimentos verdes, amarelos, vermelhos, roxos, na feira. Palavras escritas no chão. Cartazes, grafites. Mas o mais importante dessas inspirações é: só pego disso tudo aquilo que fala diretamente ao meu coração.

Daí o que a gente pega vira autêntico. Porque eu vi, eu vivi, e mais que isso, eu senti. Talvez o talento não seja bem o de escrever, mas o de ser um observador.

Nas palavras de Godard: “O importante não é onde se apanha as coisas – é até onde se as leva”.

E quero levar todas as coisas que apanho até o lugar mais difícil de chegar: ao coração. Termino aqui minha décima carta, sempre encantado pelas palavras de carinho que recebo. São muitas, e são elas que me enchem de sorrisos quando estou aqui, sozinho, longe de muita gente querida. Fica um grande ‘muito obrigado’.

Beijos cheios de palavras (os ovos de páscoa estão em falta),

Gui

• Abril 8th 2012
• cartas amarelas / Godard / inspiração / palavras
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