complicações do amor
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Eu adoro comédias românticas, ou simplesmente romances. Mas eu acho a maioria das comédias românticas atuais um porre. Os clichês abundam: mocinha que é obviamente linda e maravilhosa mas não é abordada por nenhum homem; um segredo que eventualmente vai fazer o casal brigar dez minutos antes do final (e reatar no fim); o(a) melhor amigo(a) engraçadinho(a). Tenho cada vez menos fé no gênero. Por isso foi um prazer ver um filme como Complicações do Amor, uma injeção de originalidade.
Aqui começa a parte difícil pra mim: não posso falar quase nada sobre o filme (tive que lembrar do que escrevi sobre spoilers quando escrevi sobre Everest). Complicações do Amor (tradução meio sem graça para The One I Love, um título a princípio genérico mas que ganha novas conotações quando sobreposto ao cartaz meio ameaçador do filme) não é necessariamente uma comédia romântica. A situação principal é absurda ao ponto de provocar risos sim, mas não é filme pra te fazer gargalhar. Vai te fazer pensar, isso sim.
O que eu posso dizer? Temos um casal, Ethan (Mark Duplass) e Sophie (Elisabeth Moss), juntos há um tempo mas não necessariamente felizes. O filme começa com uma tentativa frustrada de recapturar um momento importante do passado. Por sugestão do terapeuta, Ethan e Sophie decidem passar um tempo na casa de campo do terapeuta, onde eles são forçados a confrontar a si mesmos, o passado, versões idealizadas do que aconteceu, e obviamente o futuro.
A “reviravolta” do roteiro (ou melhor, a surpresa) acontece cedo, com menos de meia hora de filme. Mas ainda assim acho mais interessante ver sem saber o que está para acontecer – o trailer, surpreendentemente, não entrega os fatos. E o filme só melhora depois que as coisas são postas às claras. O questionamento de Complicações do Amor não é novo – como manter a paixão acesa após anos de relacionamento? -, mas a maneira com que o assunto é abordado é refrescante. Duplass e Moss são basicamente os únicos atores em cena o tempo todo, e os dois estão fantásticos (Moss está se revelando uma atriz magnética, e talvez a pessoa mais talentosa de todo o elenco de Mad Men). É o raro filme em que tanto o lado “dele” quanto o “dela” estão em equilíbrio, e o roteiro não tenta fazer o espectador pender para o lado de Ethan ou para o lado de Sophie. São duas pessoas igualmente decentes, igualmente tentando salvar o relacionamento, igualmente fazendo escolhas acertadas e erradas. Mas quais são as escolhas certas e quais as erradas? O filme, sabiamente, deixa essa decisão para o espectador.
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