everest
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Nessa era de spoilers (e polícia anti-spoiler nas redes sociais, que eu apoio), é difícil às vezes escrever sobre filmes. O quanto contar, como não estragar a surpresa dos espectadores? Mas às vezes o pessoal exagera, principalmente quando se trata de uma adaptação de uma história real. Ainda dou risada lembrando de quando eu comentei no Facebook sobre um episódio de Mad Men em que o John Kennedy morre. Um conhecido veio reclamar: “Ei, olha o spoiler!”
Pensei nessa história após assistir a Everest. Aparentemente a história real que deu origem ao filme é conhecida por todos, pois em todas as críticas que eu li o destino dos aventureiros é citado. Eu, esquecido que sou, não me lembrava dessa história – portanto não vou contar o que acontece. Vou apenas usar o resumo bem prático do IMDb: “Uma expedição no Monte Everest é devastada por uma forte tempestade de neve”.
A ação se passa em 1996, época em que empresas começaram a levar “civis” (por assim dizer) para escalar o pico mais alto da Terra. O que ocorre é uma espécie de engarrafamento de amadores, pois diferentes grupos acabam chegando ao local ao mesmo tempo. Liderando um dos grupos está o carismático Rob Hall (Jason Clarke), disciplinado e ao mesmo tempo gentil com todos. Entre os componentes do grupo temos desde uma japonesa que conseguiu o incrível feito de escalar seis das sete montanhas mais altas do mundo (só falta o Everest) e um carteiro que quer servir de inspiração para seus filhos.
Dando vida a essas pessoas está um elenco mais adequado para um filme-de-prestígio-do-Oscar: Josh Brolin, John Hawkes, Emily Watson, Jake Gyllenhaal (como o líder de outro grupo). O elenco é tão bom que o filme se dá o luxo de colocar atrizes como Keira Knightley e Robin Wright em participações quase minúsculas. Mas elas acabam dando peso às suas poucas cenas.
Everest não é necessariamente um filme cheio de cenas de tirar o fôlego. A primeira metade é ok, e sim, os cenários são obviamente lindos. Mas é na segunda metade, quando a tempestade chega e as coisas começam a dar errado, que o filme mostra a que veio. A impressão que tive é que o frio na tela chegou à minha poltrona, de tão intensas as cenas. E o que mais admirei no filme foi como o diretor Baltasar Kormákur não explora de forma barata os momentos mais trágicos. Algumas dessas cenas são tão repentinas e econômicas que fiquei de boca aberta. Everest é um filme que respeita não apenas o espectador mas as pessoas que passaram pela tragédia real, e também suas famílias e amigos. Vale a pena.
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