walt nos bastidores de mary poppins

walt nos bastidores de mary poppins

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Só agora tive a chance de assistir a Walt nos Bastidores de Mary Poppins (ainda estou chocado com essa tradução para Saving Mr. Banks), que passou no Brasil no início do ano. Pra quem não sabe ou não viu, o filme conta a história real de como a autora inglesa P.L. Travers acabou convencida por Walt Disney a transformar sua personagem Mary Poppins em um filme. Isso após 20 anos sendo cortejada por Disney, e refutando veementemente quase todas as suas ideias. Transformar a história em um musical? De jeito nenhum! Animação? Nem pensar!

Todo mundo sabe o resultado dessa batalha. Mas o processo de “convencimento” da Sra. Travers, como ela gosta de ser chamada, poderia ser tão interessante quanto Mary Poppins, o filme. Isso se a história estivesse à altura de Emma Thompson, que carrega tudo nas costas no papel de Travers. Mas infelizmente o filme parece ter distorcido tanto a história real que o resultado é bastante mais ou menos.

O filme alterna cenas de confronto entre Travers e a equipe de músicos de Disney com flashbacks da infância da autora. Sim, o filme vai pelo caminho mais fácil ao dizer: “Sim, ela é austera e severa, mas somente porque ela sofreu um trauma na infância”. E qual foi esse trauma terrível? O pai dela era alcoólatra! Mas um alcoólatra adorável, com a cara e sobrancelhas de cachorro perdido do Colin Farrell, um pai que estimulava a filha a usar a imaginação sempre que possível. Mas oh, o pai era alcoólatra e por isso a adorável menina virou essa inglesa terrivelmente sem humor.

Não sou eu que estou dizendo isso aí acima: é o filme. É o tipo de filme que vai fazer muita gente chorar, com certeza. Mas vai forçar o espectador a chorar, mostrando que a ojeriza de Travers a pêras tem um motivo – e um motivo em câmera lenta! E, lentamente, a ranzinza autora vai se tornar uma pessoa melhor graças à mágica do Sr. Disney. Se a rendição final da escritora parece difícil de acreditar, é porque não foi bem assim que aconteceu: na vida real, Travers detestou o filme e recusou todos os pedidos de Disney de fazer sequências.

Falando assim, parece que eu detestei o filme. Não é o caso. Como eu disse, Emma Thompson dá um show no papel principal. Quase todas as falas proferidas por ela me fizeram dar gargalhadas. E se o Disney de Tom Hanks parece um Peter Pan da vida real, de tão perfeito e cheio de vitalidade infantil, a relação de Travers com o motorista responsável por ela (Paul Giamatti) é a relação mais tocante do filme. Ao final, enquanto os créditos rolam, o espectador ouve uma fita da verdadeira Travers dando instruções aos funcionários Disney. Fica a dúvida de quão mais interessante seria o filme se ele tivesse levado mais a sério o que realmente aconteceu.

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