para sempre Alice

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Há alguns dias, li um texto sobre um filme que, em teoria, deveria ter sido um sucesso. Dois astros em voga, uma diretora vencedora do Oscar, roteiro baseado num livro de autor consagrado. Mas quis o destino – ou um monte de problemas – que o filme passasse quase em branco, sendo que foi lançado nos EUA direto em DVD (para quem estiver curioso, o filme em questão é Serena, com Jennifer Lawrence e Bradley Cooper). O texto termina com uma frase interessante: “Isso me fez pensar em como um filme bom é algo quase milagroso”.

Essa frase me lembrou de umas conversas que tive há alguns meses com o dono deste blog, o Sr. Gui Poulain. Estávamos falando sobre ser menos críticos em relação a pessoas, e coisas, e filmes. Ele disse algo similar à frase do texto: “Imagina quantas pessoas estão envolvidas no feitio de um filme. E mesmo que um filme seja ruim, deve ter muita gente que fez o melhor possível para que fosse bom”. Esses argumentos vieram à minha mente enquanto eu assistia a Para Sempre Alice, o filme que (finalmente) deu o Oscar a Julianne Moore, uma das atrizes mais interessantes dos últimos vinte anos.

Alice é uma linguista renomada, professora de universidade respeitada pelos colegas e alunos; tem um marido igualmente renomado (Alec Baldwin) e dois filhos crescidos encaminhados (e meio chatinhos, sejamos sinceros), além de uma terceira filha lutando no meio teatral (Kristen Stewart, que está se revelando uma presença impactante nos seus filmes mais recentes). Incidentes aqui e ali levam Alice a realizar alguns exames, e o resultado é trágico: Alzheimer – doença que raramente acontece em alguém tão novo como Alice, que acabou de completar 50 anos. O filme acompanha a inevitável derrocada da memória de Alice, uma mulher que sempre viveu pelas palavras, frases e sentidos por trás da linguagem.

E o que os meus dois primeiros parágrafos têm a ver com o filme? É que eu esperava mais de Para Sempre Alice. Com uma história tão forte, poderia ter sido um filme magnífico. Mas os diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland não parecem ter muita imaginação para elevar a saga de Alice a algo transcendental, ou realmente brilhante (como Sarah Polley conseguiu em Away From Her, outro filme sobre Alzheimer). É uma história inegavelmente comovente, com alguns momentos bem fortes – quase todos envolvendo Moore e Stewart. Mas não me “pegou” de jeito.

Daí eu fico me sentindo meio culpado de criticar o filme, não apenas pelo que já mencionei aqui mas também por saber como a obra é pessoal para os diretores, casados na vida real – Glatzer, também vítima de uma doença degenerativa, faleceu semanas após Moore triunfar no Oscar. E sei que muita gente vai amar o filme. Pois então, em vez de focar nos problemas e pensar sobre o filme que Para Sempre Alice poderia ter sido, vou pensar no filme que ele é: uma obra correta, carregada por uma atuação estupenda, e que tem um final repentino tão bonito que me deixou com um nó na garganta.

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  • Larissa diz:

    Por tudo que você disse nos dois primeiros parágrafos vamos focar na emoção.O filme também me emocionou muito,muitíssimo aliás.
    Claro que ficamos contrariados com o “seguir da vida”dos outros personagens envolvidos.
    Talvez isso seja a essência do filme.
    Focarmos na Alice e na oportunidade que a filha mais nova teve de reaproximar da sua mãe “Ainda Alice”,ainda…

  • ELDA SANTOS diz:

    Também tive a impressão de que o filme poderia ter sido tão magnífico quanto a história em que se baseia, mas fiquei muito emocionada do começo ao fim com o drama da personagem e principalmente com a belíssima atuação de Julianne Moore.

  • Gabriela diz:

    Oi GUI!!!
    Gostaria de pedir um post sobre musica e livros e dizer que amo muitooooo seu bolg.
    Milhões de bjos e abraços, eu amo sua barba linda

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