mad max: estrada da fúria

mad max: estrada da fúria

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Imagino que muita gente, logo ao reparar que esse texto vai ser sobre Mad Max: Estrada da Fúria, vai torcer o nariz. “Ah não, um filme de ação!” Continuem lendo, gente. Esse é um filme que merece a atenção de vocês, por inúmeros motivos. Começando pelo motivo que tem causado comoção na internet: Mad Max: Estrada da Fúria é um filme inegavelmente feminista.

O protagonista – e incluído no nome do filme – pode ser Max (Tom Hardy), mas igualmente importante, forte e (com o perdão da palavra) foda é Furiosa (Charlize Theron), a mulher que instaura a rebelião no filme. Explicando rapidamente a história: num futuro apocalíptico, o bem mais precioso é a água. Quem domina a sociedade do filme é Immortan Joe, um “ser” que esconde sua fragilidade por trás de uma máscara assustadora e controla os cidadãos liberando água aos poucos, aparentando ser benevolente e querendo apenas o bem comum. Mas Furiosa sabe da verdade, e planeja uma fuga junto com as cinco mulheres de Joe – jovens, belas e mantidas escravizadas pelo líder da comunidade com o único intuito de gerar prole.

Max e Furiosa se encontram no meio de uma das insanas perseguições do filme. E quando eu digo “insanas”, é porque são insanas mesmo. Já vi bastante filme de ação na vida, mas arrisco dizer que nunca vi nada como Estrada da Fúria. É como se o diretor George Miller (responsável pelos três primeiros Mad Max, realizados há mais de 30 anos) simplesmente não tomasse conhecimento de nada feito na área nas últimas décadas, e decidisse colocar em prática todas as suas ideias loucas, embasbacantes, inacreditáveis. De certa forma Estrada da Fúria é uma perseguição sem fim, mas nunca é cansativo. As coisas começam feéricas e vão só aumentando de tamanho, escala, o escambau; as coreografias dos “War Boys” (o exército de Immortan Joe) ficam mais e mais elaboradas, assim como os carros e motos usados nas perseguições.

Então a alcunha de “filme feminista” se deve graças a Furiosa, uma das heroínas mais incríveis dos últimos anos? Não. As cinco esposas, que a princípio parecem frágeis e dispensáveis nas suas parcas roupas, revelam-se também fortes e corajosas. E o filme evita caminhos fáceis, como monólogos/flashbacks mostrando como elas sofreram. Mesmo o passado de Furiosa nunca é explicitado. O que importa é a Furiosa do presente, inteligente o bastante para aceitar um plano de Max quando percebe que é melhor que o plano dela mesma. O que importa é o momento magnífico em que uma das esposas, grávida, posiciona-se como escudo entre Joe e o carro de Furiosa, o rosto desafiador, cheio de poder; é um momento de entrar pra história. O que importa é como o roteiro de Miller está muito mais preocupado em colocar Max, Furiosa e as esposas como iguais. Não é exatamente isso o que o feminismo prega?

Estrada da Fúria estreou há algumas semanas já, e causou um rebuliço na internet como poucos filmes recentes. Uma associação americana (me recuso a procurar o nome) incitou um boicote à obra, dizendo que o filme deturpa o papel de líder dos homens e o papel submisso das mulheres. Mil artigos, posts de Tumblr e afins já foram feitos exaltando o frescor que é um filme assim, um blockbuster original e ousado e com tantas personagens femininas interessantes. Eu vi o filme uma semana depois da estreia, quando a maioria dos meus amigos já tinha visto. A aclamação era unânime. E mesmo com as expectativas no teto, o filme me deixou maravilhado. É obra obrigatória, pra fãs de cinema de ação, pra quem acha que cinema de ação e cérebro não andam juntos, pra quem não entende como o mesmo diretor de todos os Mad Max pode ser também o diretor de As Bruxas de Eastwick e o produtor de Babe, o Porquinho Atrapalhado. É filme que me faz querer dizer pros quatro ventos: o cinema foi inventado para que obras assim fossem feitas.

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