digam o que quiserem

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Todo mundo da minha geração (digamos, quem nasceu entre 1975 e 1985) conhece os clássicos da Sessão da Tarde. Curtindo a Vida AdoidadoGatinhas e GatõesOs Goonies – são inúmeros os filmes adolescentes/jovens que fizeram a alegria de muita gente nos anos 80 e 90. Eu via todos. Ou quase todos, já que um deles, Digam o Que Quiserem, permaneceu inédito pra mim até agora. Não sei por que o filme não despertou meu interesse na época. Acho que mesmo quando eu era adolescente o filme parecia diferente dos outros: um pouco mais sério, mais profundo. Ou talvez eu simplesmente não risse com os trechos selecionados pela Globo para promover o filme nas suas chamadas.

Mas o tempo passou e eu descobri que Digam o Que Quiserem (no original, Say Anything…) tornou-se um clássico moderno. Não apenas um clássico-da-Sessão-da-Tarde, mas um filme aclamado, considerado um dos melhores romances adolescentes das últimas décadas. Após ter visto o filme, junto minha voz ao coro. É mesmo um filme incrível, apaixonante.

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É a estreia do diretor Cameron Crowe – responsável por Vanilla SkyJerry Maguire e Quase Famosos, entre outros. Já em seu primeiro filme, Crowe mostra sua maestria para escrever sobre relacionamentos, sentimentos, emoções que seus personagens tentam expressar de forma tocante mas não artificial. Basta lembrar do “you had me at hello” de Jerry Maguire pra saber como o diretor é bom nisso. E Digam o Que Quiserem é cheio de momentos assim, humanos, reais, e que ao mesmo tempo tão simples.

A história também é bastante simples: Lloyd Dobler (John Cusack), um eterno otimista, acaba de se formar na “high school” e não sabe bem o que fazer da vida. A única coisa que ele sabe é que quer convidar a linda Diane Court (Ione Skye) para sair. Diane é a oradora da classe, estudiosa, aplicada, e que logo vai se mudar para a Inglaterra devido a uma bolsa de estudos. Diane também é uma das razões de o filme ser tão refrescante: ela não cai em nenhum dos estereótipos fáceis de filmes adolescentes. Não é a líder de torcida popular, não é a nerd sem graça, não é o patinho feio que se revela um cisne. Diane é como uma versão idealizada do que muitos de nós gostaríamos de ter sido na escola: esperta mas tímida; mas quando vai a uma festa, ouve dos colegas: “Que bom que você veio, sempre quis te conhecer mais”.

Diane vive com o pai (John Mahoney), e a relação dos dois é quase uma anomalia cinematográfica: os dois são melhores amigos. E a história gira em torno desses três personagens – três pessoas notáveis, que tentam (e quase sempre conseguem) agir da melhor forma possível. Não há nenhum daqueles clichês de filmes adolescentes: as garotas populares não vão humilhar Diane; Lloyd não inventa uma mentira que é descoberta 15 minutos antes do fim (provocando uma briga e eventual reconciliação do casal); o pai de Diane não proíbe expressamente o namoro. O que há, em enormes quantidades, são sentimentos reais. E pessoas boas, mas não artificialmente boas. Como logo no início, quando Lloyd discute com a irmã estressada. Ele diz a ela, numa voz calma, voz de quem realmente ama a irmã: “Você costumava ser tão divertida”. E o efeito é muito mais impactante do que se fosse uma frase gritada no meio de uma briga.

Digam o Que Quiserem é um tipo de filme raro. Eu não poderia recomendar mais. Pesquisando sobre o filme, foi fácil achar na internet inúmeros blogs apaixonados por Lloyd Dobler, e sua determinação em conquistar o coração de Diane. Assistam também, e espero que vocês se apaixonem como eu me apaixonei.

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Digam o Que Quiserem (Say Anything…), um filme de Cameron Crowe

100 minutos / EUA / 1989

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