como não perder essa mulher

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Joseph Gordon-Levitt é uma figura única no cinema atual. Em primeiro lugar, por ser um raro caso de ator-mirim que conseguiu manter uma carreira estável, e respeitada. E por ter escolhido, desde cedo, papéis desafiadores e complexos em filmes independentes como Mistérios da Carne (para mim, sua melhor atuação) e A Ponta de Um Crime. E apenas então, após ter ganhado o respeito da crítica, ter se aventurado no cinemão hollywoodiano, geralmente em filmes igualmente aclamados (A OrigemBatman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge).

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Como se tudo isso não bastasse, Joseph é um verdadeiro artista multimídia. Há anos ele comanda a empreitada hitRECord, um projeto que promove colaborações entre artistas e internautas de todo o mundo. Na verdade era apenas questão de tempo até que Levitt decidisse dirigir um filme. Pois eis Como Não Perder Essa Mulher (ai essas traduções), ou simplesmente Don Jon no original. O tema escolhido para seu primeiro filme como diretor e roteirista? O vício em vídeos pornográficos.

Mas não precisa se preocupar: esse é o tema apenas na superfície. Assim como apenas na superfície esse é um filme vazio, tolo ou superficial como o protagonista. O Don Jon do título, interpretado por um Levitt marombado, diz logo de cara quais são as coisas que importam na sua vida. Não são muitas: família, igreja, carro, malhação, amigos, mulheres. E, pra finalizar, a pornografia. O problema de Jon (conhecido como “Don” por causa do sucesso com as mulheres) é que, mesmo tendo sexo com mulheres nota 8 ou 9 – critérios dele! -, ele se satisfaz mais vendo filmes pornôs.

Até que uma beldade nota 10 surge toda em vermelho. E que beldade é essa! Ninguém menos que Scarlett Johansson, ou Barbara Sugarman, um perfeito exemplar da cena Jersey Shore (qual seria o equivalente da cena Jersey Shore no Brasil? O pessoal da academia? As mulheres fruta? Discutam). Scarlett, aliás, se esbalda no papel, com um sotaque italianado que é sensacional. A partir daí o filme constrói um contraponto interessante à visão distorcida de Jon sobre sexo: Barbara ama comédias românticas, e pra ela um romance da vida real deve ser como um romance cinematográfico.

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Levitt demonstra talento natural como diretor: Como Não Perder Essa Mulher funciona como “filme-para-todo-mundo” (bom, exceto as crianças), brincando com o vício de Jon com toques divertidos aqui e ali – o barulho virtual da lixeira de um computador sempre que um lenço usado vai para o lixo, a montagem recorrente com os vídeos pornográficos. E também é um filme que provoca discussões, e reflexões. Quando Esther (Julianne Moore), uma mulher mais velha, surge na vida de Jon, questões mais profundas são abordadas. 

Não se trata apenas de como a pornografia na internet – tão facilmente acessível – influencia o comportamento do homem atualmente. E não apenas sobre como o cinema distorce a visão da realidade. É também sobre a influência que o outro exerce, quando em um relacionamento. Quando as mudanças vêm naturalmente? E mudanças de comportamento que precisam ser forçadas? O filme de Levitt não oferece necessariamente respostas, mas sim comentários. E fazendo rir muito. Porque, além de tudo o que eu disse, esse é também um dos filmes mais engraçados do ano.

[youtube=http://youtu.be/CnZecqXrrYE]

Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon), um filme de Joseph Gordon-Levitt

90 minutos / EUA / 2013 / em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de hoje (06/12/13)

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