a outra terra
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A premissa de A Outra Terra (Another Earth) é original e instigante: um novo planeta, completamente igual ao nosso, é descoberto. Aparentemente é uma réplica fiel da Terra, incluindo os habitantes. Ou seja, existe um outro você vivendo lá. Mas os roteiristas Mike Cahill e Brit Marling (que também atua no filme) optaram por não criar um filme exclusivamente de ficção científica. A Terra 2, como ela é chamada, paira no céu o tempo todo, observando as ações e principalmente a expiação da culpa de Rhoda (Marling).
Rhoda é uma jovem que, no dia em que o novo planeta é anunciado, envolve-se num terrível acidente. A tragédia vai ditar todo o resto da vida de Rhoda. Ela se entrega, assume a culpa e vai presa. Mesmo após cumprir pena, Rhoda não consegue (ou não quer) se livrar da culpa. De alguma forma ela quer ajudar o único sobrevivente do acidente, o solitário John. Perguntas pairam no ar: será que na Terra 2, Rhoda também se sente da mesma forma? Será que ela fez as coisas de forma diferente? Será que ela é uma pessoa melhor lá? Perguntas que, acredito eu, todos nós faríamos caso uma Terra 2 fosse descoberta.
Sempre que eu leio nos jornais uma notícia sobre acidentes, roubos ou mortes, me pergunto se o autor do crime se sente culpado; caso sim, por quanto tempo dura a culpa. Em boa parte dos casos que leio, o acusado se faz de inocente; mesmo quando ele é condenado, não aparenta culpa alguma. Acho esse assunto fascinante – e triste, claro. Por isso, para mim foi com um certo alívio que vi Rhoda sentir culpa pelo que fez. Ela não se exime da responsabilidade, não crê que pagou seus pecados na prisão. Assim como ela tirou a vida de outras pessoas, ela sabe que não pode levar a vida com que sonhava antes da tragédia. O acidente é uma ferida aberta que talvez nunca cicatrize. Aos meus olhos, isso a torna tremendamente humana.
Já deu pra perceber que A Outra Terra não é um filme leve. Mas também não é difícil. É profundo e contemplativo, mas é maravilhosamente curto (apenas uma hora e meia). E termina com uma cena daquelas de render mil teorias e explicações na internet. Eu entendi como aquilo aconteceu? Na verdade não, e não me importo muito com isso. É uma cena surpreendente, e linda, uma possibilidade de felicidade num futuro que parecia cinza para sempre. Após ver A Outra Terra, me deu vontade de agir igual Rhoda: ir para um lugar aberto, contemplar o céu, pensar na vida.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=mpT2fFGZNm8]
A Outra Terra (Another Earth), um filme de Mike Cahill
92 minutos / EUA / 2011
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