a intrometida

a intrometida

Susan Sarandon é uma das minhas atrizes favoritas. Por um bom tempo ela foi *a* minha favorita, mas o novo milênio não foi bondoso com ela. Enquanto outras atrizes da mesma geração continuaram obtendo bons papéis centrais no cinema (Meryl Streep, Helen Mirren) e outras conseguiram ótimas chances na TV (Jessica Lange), Susan ficou no meio do caminho, geralmente em papéis coadjuvantes no cinema e aparecendo na TV aqui e ali (o papel dela na terceira temporada de The Big C é uma das coisas mais fracas de toda a série).

Pois Susan finalmente conseguiu de novo um papel principal bom de verdade num filme igualmente bom: A Intrometida, da diretora Lorene Scafaria. Pegando elementos da sua própria vida, a diretora criou para Sarandon uma personagem irresistível, intrometida sim, perdida, mas também adorável, com um coração de ouro. Imagine a personagem de Alicia Silverstone em As Patricinhas de Beverly Hills como uma viúva na casa dos 60 anos e dá pra ter uma boa ideia de como é Marnie, a protagonista.

Viúva há um ano, Marnie há algum tempo decidiu se mudar para Los Angeles para ficar perto da filha Lori (Rose Byrne, de A Espiã que Sabia de Menos e Missão: Madrinha de Casamento). Lori anda deprimida após o término de um relacionamento, e Marnie faz de tudo para animar a filha: leva bagels para ela no café da manhã, N ligações durante o dia, até mesmo tenta arrumar pretendentes. Lori, num misto de sufocada e ingrata (e fazendo todxs xs filhxs na platéia sentirem culpa), pede à mãe que fique um pouco mais distante. Mas como Marnie vai ocupar seu tempo?

É importante dizer que Marnie herdou bastante dinheiro com a morte do marido, e simplesmente não sabe como usá-lo. Em vez de virar uma madame mimada, ela decide usá-lo com quem precisa: seja uma amiga da filha que não tem fundos suficientes para um casamento, seja um jovem que trabalha na Apple e não tem como ir à escola durante a noite.

Claro que esse modus operandi de Marnie (que inclui evitar qualquer possibilidade de encontros amorosos) mascara sentimentos mais profundos e dolorosos, como a dificuldade em lidar com a morte do marido. Marnie quer desesperadamente ajudar a vida dos outros porque ela não se sente dona de uma vida. Mas A Intrometida não investiga esse lado a fundo. Nas cenas em que Marnie se permite revelar, porém, Sarandon dá um show.

Aliás, não apenas nessas cenas: a atriz faz de Marnie quase uma mãe universal, uma figura que provavelmente vai fazer a platéia toda pensar “minha mãe é exatamente assim”. Nunca exagerando – Marnie é perdida mas não patética, bem-intencionada mas não uma santa -, Sarandon jorra sentimentos bons, aconchegantes. Antevejo muita gente no futuro assistindo A Intrometida em casa, debaixo das cobertas, quando a vida pede um conforto e nossas mães infelizmente não estão perto o suficiente.

 themeddler02

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