jogos vorazes – a esperança: o final
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Em quantos aspectos a série de filmes Jogos Vorazes é única no cinema atual? O mais óbvio é o respeito dos críticos: todos os quatro filmes agradaram jornalistas e profissionais da área, ao contrário de séries como Crepúsculo e Divergente. E embora já não seja novidade ter atores consagrados em filmes assim (ainda fico surpreso por Kate Winslet estar em Divergente), o elenco da série Jogos Vorazes é digno de qualquer vencedor do Oscar de Melhor Filme: Jennifer Lawrence! Julianne Moore! Donald Sutherland! Philip Seymour Hoffman!
Com A Esperança – O Final, a saga de Katniss Everdeen chega a uma conclusão. Mas falar desse filme é também falar do resto da série. O primeiro filme tem um plot redondo, por assim dizer; a história faria sentido mesmo se não fosse o primeiro capítulo de uma série. Mas do segundo em diante, os filmes são quase como que partes de um épico gigante (o fato de o diretor dos três últimos filmes ser o mesmo, Francis Lawrence, colabora para essa impressão). Sorte nossa que todas as partes mantêm o alto nível de qualidade.
Comparado com os filmes anteriores, a maior frustração de A Esperança – O Final (que nome) é ver vários membros do elenco reduzidos a aparições esparsas. O Haymitch de Woody Harrelson, Jeffrey Wright e seu Beetee, Elizabeth Banks fazendo a incomparável Effie: cada um tem apenas um par de cenas, o que é uma pena. Jena Malone extrai leite de pedra quando aparece na tela como Johanna Mason; dá saudade do segundo filme, Em Chamas. Seria ótimo ter mais Johanna e menos Gale (Liam Hemsworth, que mesmo lindo continua sendo o ponto mais fraco dos filmes).
O show é basicamente de dois atores: Donald Sutherland e Jennifer Lawrence. Sutherland brilha como Presidente Snow; enquanto a maior parte dos atores deixaria Snow mais tenso e acuado com a revolução se aproximando, Sutherland incorpora um Snow de certa forma mais relaxado. Ele deseja a aproximação de Katniss; em determinado momento, quando ele recebe a notícia de que Katniss não morreu após ser atingida por balas, ele parece positivamente aliviado. As duas cenas finais de Snow com Katniss estão entre as melhores do filme – Snow não pode deixar de admirar essa garota do distrito mais pobre de todos, garota com o poder de provocar uma revolução. “Você sabe que eu e você nunca mentiríamos um para o outro, Katniss”, ele diz. E é a verdade.
Já Lawrence dispensa palavras. Que sorte, que vitória na loteria dos produtores da série, de ter J.Law como protagonista. Mesmo se Katniss não tivesse uma só linha de diálogo, as expressões de Lawrence diriam tudo. A direção sabe disso: os closes no rosto dela abundam. Katniss nunca quis ser o símbolo da revolução. Desde o primeiro filme, quando ela se oferece para ir aos Jogos Vorazes no lugar da irmã Prim, as coisas acontecem porque ela é naturalmente altruísta, generosa, e corajosa. Mas ela não se sente uma líder, uma heroína. E esse talvez seja o principal motivo pelo qual todos amamos Katniss: quantos espectadores se identificam com Batman, ou um dos Vingadores, pessoas que exalam liderança e força?
Escrevi, escrevi, e escrevi pouco sobre o filme em si. A Esperança – O Final é o mais sombrio dos filmes da série. Desde a primeira cena, com uma Katniss em close e cheia de feridas, a história não dá descanso. Alguns momentos aqui e ali são mais leves (há até um casamento na história), mas não adianta se iludir: muitos personagens legais morrem, inocentes mais ainda. Este é um filme anti-guerra, muito mais do que vários filmes do gênero “guerra”. Após ter sofrido tanto, dá pra imaginar um final verdadeiramente feliz para Katniss?
(só mais uma coisa: para fãs de séries de TV, o filme é um divertido jogo de “olha, aquele ator!”: tem gente de Game of Thrones, House of Cards, The Killing/True Blood…)
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