the bling ring – a gangue de hollywood

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A princípio, The Bling Ring – A Gangue de Hollywood parece um fruto estranho na carreira de Sofia Coppola. A diretora especializou-se em filmes melancólicos, quase etéreos, sobre garotas que, de uma forma ou de outra, estão presas em suas próprias vidas. Mesmo Um Lugar Qualquer, no qual o foco principal é em um homem, trata de temas semelhantes. E agora temos a história real de cinco adolescentes ricos que roubaram mansões de várias celebridades, como Megan Fox, Paris Hilton e Orlando Bloom.

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Surpreendentemente, Sofia consegue inserir essa história no seu mundo cinematográfico já conhecido. A gangue se esbalda num mar de roupas caras, do mesmo modo que a Maria Antonieta de Kirsten Dunst se jogou há alguns anos. A alegria que eles exibem numa festa é a mesma das irmãs Lisbon na formatura em As Virgens Suicidas. Sofia se diverte com eles; Sofia os compreende? Talvez. O mais admirável é que ela não os julga.

São cinco adolescentes fúteis, que se sentem o máximo quando começam a roubar roupas de marca, sapatos de marca, relógios caros – favorecidos pela estupidez das celebridades que deixam portas abertas, ou chaves embaixo do tapete de entrada. Mas a adrenalina dos roubos não é suficiente. Nem as coisas caras são. Não! É preciso compartilhar. E dá-lhe foto no Facebook, atualização de perfil, e a eventual frase “Acabei de chegar da casa da Rachel Bilson” jogada numa conversa de festa. No fim das contas, não foi somente o amadorismo e o descuido da gangue que fez com que eles fossem descobertos, mas também a vontade de aparecer, compartilhar. De ser também uma celebridade, nem que seja apenas no mundo virtual ou na escola.

E chega o momento de botar a mão na consciência: quem não queria ser popular quando adolescente? Os jovens de The Bling Ring são frutos do seu tempo: assim como todo mundo nessa idade, eles querem ser como os ídolos. Infelizmente para eles, os ídolos atuais são pessoas como Paris Hilton – tão enamorada de si mesma que adorna sua casa (um show de horrores) com sua cara em tudo, nas paredes, nas almofadas. Sofia Coppola, inteligente, não escolhe nenhuma das duas saídas mais fáceis: mostrar os jovens como vítimas (de pais ausentes, por exemplo) ou como vilões. 

Gostando ou não, talvez seja esse o filme que melhor reflete o “zeitgeist”, ou o espírito dos tempos atuais. Uma mistura do materialismo dos anos 80 com a explosão dos reality shows dos anos 2000. E se o filme de Sofia é profundo o suficiente para me fazer pensar em um milhão de coisas (poderia passar horas escrevendo sobre o que eu vi), também é divertido, leve, cafona e sim, superficial. Aposto que os adolescentes que inspiraram a história aprovariam o resultado final. Afinal, todos aparecem lindos na tela, vestidos com roupas bacanas, e ouvem músicas ótimas. Material pra muita foto nas redes sociais!

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The Bling Ring – A Gangue de Hollywood (The Bling Ring), um filme de Sofia Coppola

90 minutos / EUA, Inglaterra, França, Alemanha e Japão / 2013 / desde 16/08/13 nos cinemas brasileiros

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