tangerine
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Uma das palavras-chave dessa década é “inclusão”. Inclusão social, racial, de gênero: nos meus 35 anos de vida eu não me lembro de viver numa época em que tanta gente luta para ter os mesmos direitos de quem sempre dominou a sociedade: leia-se homens, brancos, heterossexuais.
Tangerine é um produto perfeito dessa nossa época: um filme estrelado por duas atrizes transexuais, focado não em questões clichê como preconceito e dificuldades em ser transexual. As duas protagonistas, Sin-Dee e Alexandra, trabalham como prostitutas mas esse também não é o foco do filme. A história, que se passa durante um dia de Natal em Los Angeles, é uma espécie de corrida maluca: a explosiva Sin-Dee, recém saída de uma curta temporada na prisão, descobre que o namorado Chester a está traindo com uma mulher; Alexandra, a amiga mais equilibrada, precisa controlar Sin-Dee enquanto ao mesmo tempo se prepara para uma performance à noite.
O filme tem a urgência de Sin-Dee; nos primeiros minutos já somos apresentados a todos os fatos. Enquanto as duas amigas vasculham as ruas de Los Angeles atrás da nova namorada de Chester, somos apresentados a outras “amigas” da dupla (entre aspas porque a intriga corre solta), e também a um taxista conectado com a dupla. A Los Angeles do filme é como as personagens: colorida, calorosa e árida; não necessariamente perigosa mas é bom ficar atento por onde você anda, com quem você fala, e como você fala.
As duas atrizes principais, Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor, são completamente naturais. Taylor, principalmente, dá um show: ela mantém a elegância e dignidade mesmo enquanto atende a um cliente pão-duro no carro. São dela as melhores caras e melhores falas; e quando o filme fica mais dramático, é dela o rosto que mais parte o coração. Aliás: é o gesto final de Alexandra que torna o fim de Tangerine tão tocante. No meio de todas as risadas que o filme provoca, a imagem mais poderosa que fica é uma de celebração à amizade.
Pra terminar: eu comentei de inclusão, por isso vale a pena comentar um aspecto técnico do filme. Ele foi todo filmado com iPhones 5. iPhones cinco. Claro que houve um belo trabalho de pós-produção e edição, mas ainda assim é de deixar qualquer um embasbacado. É ou não é inclusão também?
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