sob o sol da toscana

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Fui recentemente à Itália pela primeira vez – mais especificamente, Veneza. Confesso que várias das imagens que eu tinha do país (antes de ir) estavam associadas a um filme. Muita gente faz isso, não? Ou eu sou minoria? Sempre que penso em NY, por exemplo, sei que vou querer fazer um passeio na barca que liga New Jersey à cidade – por causa de Uma Secretária de Futuro. E quero muito ver o Grand Canyon, por causa de Thelma & Louise.

Voltando à Itália: o filme que pipocou na minha mente enquanto estive lá foi Sob o Sol da Toscana. Não foi o único: pensei, obviamente, em filmes situados em Veneza, como Inverno de Sangue em Veneza e O Talentoso Ripley. Mas certas imagens de Sob o Sol da Toscana – as árvores, ou pessoas se deliciando com gelattos – me deixaram com muita vontade de ver o filme de novo após as férias.

Preciso dizer: esse é um daqueles filmes que eu nunca colocaria entre os melhores filmes de todos os tempos, mas com certeza inclui-se nos meus favoritos. É cheio de clichês e coisas supérfluas, e pode realmente incomodar quem procura uma imagem da Itália que vá além de belas paisagens, comida incrível e homens sedutores. A diretora Audrey Wells não tem muita imaginação, e fica o tempo todo jogando imagens maravilhosas da Itália na tela – quando a coisa mais maravilhosa na tela, de longe, é Diane Lane.

Lane é Frances, uma escritora que, após um divórcio doloroso, ganha de um casal amigo um pacote turístico na Toscana. Lá, ela decide de supetão comprar uma villa. Boa parte do filme é sobre Frances lidando com a reforma da casa e com adoráveis, excêntricos italianos (e também poloneses) que são muito mais fáceis de achar no cinema do que na vida real. Como Katherine, fascinada pelo diretor Federico Fellini e que poderia ter saído de um filme dele. Katherine é uma criatura típica de fantasia, mas a atriz Lindsay Duncan faz dela uma personagem fascinante.

Assim como Diane Lane. Sem ela, o filme seria praticamente nada. A atriz tem algo quase único, uma naturalidade que convive em paz com sua beleza incrível. Ela é linda mas ao mesmo tempo comum, e parece quase não usar maquiagem. Frances é cativante porque Diane Lane é cativante, seja em cenas cômicas (como quando ela precisa matar um escorpião) ou nos momentos mais tristes em que ela reflete sobre o fim do casamento.

Mesmo com todos os clichês (mas sempre sedutor), aqui e ali Sob o Sol da Toscana surpreende. Frances conhece um belíssimo italiano que diz: “Queria poder nadar nos seus olhos”. Ela sorri, e logo gargalha, dizendo: “Isso é exatamente o que toda mulher americana acha que os homens italianos dizem”. O filme poderia usar mais momentos assim, fazendo graça da própria alma de “romance de dona de casa”. Mas não importa. O resultado final é ótimo de qualquer forma. E a lição final do filme, quando Frances percebe que conseguiu tudo o que queria, é poderosa: às vezes nossos desejos são realizados sem que a gente perceba. É preciso ser perspicaz para capturar quando isso acontece. E quando isso acontece, algo tão trivial quanto uma torneira seca que de repente jorra água pode ser incrível. Eu, pelo menos, sempre verto umas lágrimas de felicidade.

Ah, e quão fiel o filme é em relação à realidade? Não sei bem. Mas daqui a pouco vou rever Inverno de Sangue em Veneza – bem diferente da ensolarada Toscana de Frances… mas igualmente fascinante.

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  • Fernanda Amarante diz:

    Querido, leia o livro! É, como sempre, beeeem melhor que o filme. Li também um outro, chamado Delizia: A história dos italianos e sua comida, maravilhoso! E agora estou planejando, obcecada, uma viagem ao país, em maio do ano que vem.
    Mas conte, você gostou de Veneza? Eu estive lá, 18 anos atrás, no inverno, e detestei.

    • Adriano Ferreira diz:

      Fernanda, eu adorei Veneza. Foi no início da primavera, não inverno; estava quente mas não calorão. Adorei ficar perdido nos becos, adorei ter água pra todo lado, adorei ver os orientais em todas as gôndolas. Mas o que mais gostei foi passear de vaporetto pra todo lado – chegamos ao ponto de pegar as linhas mais demoradas apenas para passarmos mais tempo a bordo! No entanto, confesso que foi melhor ainda ficar hospedado em Lido, escapando da turistada à noite ao voltar pra casa.

      E adoraria revisitar a cidade no inverno – sem vultos de capa de chuva vermelha, no entanto! (Tem que ver Inverno de Sangue em Veneza. Que filme!)

  • Fiz minha monografia falando justamente sobre o impacto que as produções audio visuais podem ter sobre o turismo! Adorei ler seu texto!

  • Maria diz:

    Gui, um outro filme no estilo de “Sob o Sol da Toscana”, igualmente simples e adorável, daqueles que fazem a gente ir dormir feliz da vida, e cheio de imagens lindíssimas da Itália é “Cartas para Julieta”. Se você gosta do primeiro certamente vai gostar do segundo! Bj!

  • Tatinhapaz diz:

    Quando vamos a lugares que já vimos cenas que nos marcaram em filmes, parece que já passamos por ali! Uma semana antes de ir a primeira vez a Paris, vi meia noite em Paris, quando cheguei, sento que já havia visitado alguns lugares! A sensação é muito boa, quase nostálgica!

    http://destinofeliz.wordpress.com/2014/10/09/roteiro-3-dias-em-veneza/

  • Adriano eu também adoro “Sob o Sol da Toscana”, mesmo com todos os clichês, me vendo facilmente por tudo aquilo que é belo rs.
    Também concordo que a atuação da Lane salta aos olhos e ela ficou perfeita no papel da doce Frances.

    Estou planejando férias na Itália e quero passar pela Toscana (Veneza infelizmente não vai estar nesse primeiro roteiro), esse post me deu vontade de rever o filme :)
    xx

  • Yoko Suéte diz:

    Oi!!

    Adoro seu blog! Além de receitas ótimas, seus comentários sobre os filmes são bem pertinentes!

    Assisti por esses dias Sob o Sol de Toscana e, apesar dos cliches, fiquei com vontade de morar lá…rs…

    Ainda não conheço e sei que me decepcionarei por causa da imagem que o filme passa, mas o que vale é a viagem feita através de belas fotografias!

    Um beijo!

    • gpoulain gpoulain diz:

      sei que nos filmes tudo parece mais bonito, mas não se decepcione. pra mim tudo é uma nova descoberta do mesmo jeito. um abraço!

  • Ana diz:

    Amo esse filme, dese que assisti a primeira vez SEMPRE me identifique com a personagem, há anos. Tinha uma vida julgada padrão, com td aparentemente no lugar, e uma reviravolta a fez se reinventar do nada. E refaz sua nova vida, sua nova personalidade, cercada de situações novas para ela, e td com sua coragem. Faz loucuras, que não a levam a lugar algum, somente ao vazio, pq ainda estava vazia, e de repente, nota que sua nova vida, com outro formato a completa perfeitamente. SEMPRE ME VI NELA, E MEU MOMENTO CHEGOU,AINDA OU JÁ, ESTOU NO PRIMEIRO DEGRAU, MUITO FELIZ!

  • Ana diz:

    Amo esse filme, dese que assisti a primeira vez SEMPRE me identifique com a personagem, há anos. Tinha uma vida julgada padrão, com td aparentemente no lugar, e uma reviravolta a fez se reinventar do nada. E refaz sua nova vida, sua nova personalidade, cercada de situações novas para ela, e td com sua coragem. Faz loucuras, que não a levam a lugar algum, somente ao vazio, pq ainda estava vazia, e de repente, nota que sua nova vida, com outro formato a completa perfeitamente. SEMPRE ME VI NELA, E MEU MOMENTO CHEGOU,AINDA OU JÁ, ESTOU NO PRIMEIRO DEGRAU, MUITO FELIZ! Mais uma observação: não digo em relação a vida afetiva, para mim o fantástico, o mais nobre a o surgimento da pessoa, isso é o que anseio e já venho me encontrando , p surgimento da minha pessoa.

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