serei seu espelho
0 Flares
0
Facebook
0
0 Flares
×
ele quis cobri-la com o guarda-chuva. ela vestiu o capuz e saiu sozinha. entraram na exposição. ela um pouco emburrada; ele, tentando ser gentil. ele foi ver os vídeos do lou reed; ela passou direto pra sala sobre a nico. se reencontraram, já ao final da exposição. ele estava parado em frente a um neon com toda a letra de ‘i’ll be your mirror’. ela segurou suas mãos. ele a olhou. ela encostou a cabeça nele, tocando no ombro com os cabelos branquinhos. ele disse: lembra daquela dança? ela balançou a cabeça pra frente e pra trás. ele a segurou, como se puxando pra abraçá-la. pensei em quando decidi dizer sim. eu digo sim para mim quando assumo as fraquezas mais escondidas que sinto presas dentro do meu peito. quando eu perco o que eu mais desejo por sentir mais amor do que segurança, do que força, do que maturidade. do que todas as palavras que representam a racionalidade. só não quis mais viver angustiado pelas vezes que eu não pedi um beijo de despedida, não acenei a mão, não disse que estava apaixonado, não sorri, não agradeci pela companhia, não decidi mudar minha vida. vi um casal que dançou velvet undergroung provavelmente há cerca de 50 anos. e que entre os mal humores e gentilezas, resolveu dizer sim. e foi ali, olhando pros dois em frente ao painel, que me emocionei. e olhei pra cada letra que formava aquela composição. “I’ll be your mirror / reflect what you are / in case you don’t know”
0 Flares
0
Facebook
0
0 Flares
×