rua cloverfield, 10

rua cloverfield, 10

Cinematograficamente, vivemos na época das sequências, refilmagens e crossovers (quando personagens de uma franquia aparecem em filmes de outra franquia). Há também os tais “universos” – os Iron Man, Capitão América, Vingadores etc. formam o “Marvel Universe”, enquanto o recente Batman vs. Superman faz parte do “DC Universe”. Os estúdios têm tentado formas mais e mais criativas/estapafúrdias de lucrar com franquias e personagens que já habitam o inconsciente coletivo cultural.

Uma das alternativas mais interessantes estreou há pouco nos cinemas. Rua Cloverfield, 10 foi feito em completo segredo – o primeiro trailer do filme foi revelado há poucos meses, pegando todos de surpresa. Até então o público sequer sabia da existência do filme. Além de um trailer excelente, a curiosidade dos espectadores foi aguçada pelo título: seria o filme uma sequência-surpresa de Cloverfield – Monstro?

Na verdade não. Rua Cloverfield, 10 é uma criatura (com o perdão do trocadilho) completamente diferente de Cloverfield – Monstro. Enquanto o filme de 2008 é um terror sobre um monstro atacando Manhattan, o novo filme é sobre… um bunker. Melhor dizendo, é sobre Michelle (Mary Elizabeth Winstead) que, após um acidente de carro, acorda em um bunker. Foi Howard (John Goodman) que a levou para lá. De acordo com ele, um ataque aéreo (estrangeiro? alienígena?) deixou o ar irrespirável… De acordo com ele. Mas onde está a verdade? Michelle está mais segura lá fora ou presa no bunker com o volátil Howard?

E qual a relação do filme com Cloverfield – Monstro? De acordo com o produtor J.J. Abrams, os dois filmes são “parentes”. Mas é perfeitamente possível aproveitar Rua Cloverfield, 10 sem ter visto o filme anterior. Esse aqui não é um “filme de monstro”, nem tem a estética “found footage”. Na maior parte do tempo, temos apenas Michelle, Howard e Emmett (John Gallagher, Jr.), que ajudou Howard a construir o bunker e corrobora a versão de que realmente ocorreu um ataque. É uma peça de teatro com apenas um cenário e três (excelentes) atores, e tensão sempre em altos níveis. É um exemplo fantástico de terror psicológico: o medo não vem de monstros ou ameaças sobrenaturais, mas de Howard, uma das figuras paternas mais assustadoras dos últimos tempos.

Rua Cloverfield, 10 é um sucesso completo. Seja como filme-surpresa (em vez de duzentos trailers lançados às vezes mais de um ano antes do filme), seja como uma nova maneira de expandir as possibilidades que enumerei no primeiro parágrafo. E é um sucesso “simplesmente” como um filme incrível, que em vários momentos fez meus músculos doerem de nervosismo.

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