preferidos de 2015: séries e filmes

preferidos de 2015: séries e filmes

No terceiro post de listas de 2015, minhas séries e filmes preferidos nesse ano que passou. Como nas outras listas, estão em ordem alfabética, não num ranking. Quem escreve sobre cinema no Moldando Afeto é o meu amigo Adriano Ferreira, mas as escolhas e texto desse post são minhas. As séries e filmes preferidos em: 2014201320122011.

 

séries

bloodline

 

Bloodline

Quando soube que os criadores de uma das minhas séries preferidas (Damages) criaram uma série pro Netflix com um dos meus atores preferidos (Kyle Chandler, de Friday Night Lights e dos filmes Carol, O Lobo de Wall Street, A Hora Mais Escura, Argo e O Maravilhoso Agora), fiquei com vontade de assistir. Juntei a isso todo um elenco que eu conhecia de filmes e outras séries: Sissy Spacek! Sam Shepard! Linda Cardelini! Jacinda Barret! Chloë Sevigny! Mesmo assim só fui assistir depois de ver Camila Pitanga falando constantemente sobre a série em seu twitter. Felizmente, não me decepcionou. É nessa série de ritmo lento em que vamos aos poucos juntando os pedaços do mistério que ficou no primeiro episódio: numa reunião de família, a ovelha negra reaparece e causa enormes transtornos e alguém sai morto nessa confusão. Não é o que levou a essa morte o grande tema aqui, mas as relações familiares que vão se desenvolvendo durante os episódios. Ben Mendelsohn, um dos poucos que eu não conhecia do elenco, é quem se destaca, como o irmão que ninguém queria ter.

 

hannibal

 

Hannibal

Com as comidas mais maravilhosas que já vi na vida – e mais assustadoras também, ao se pensar que os pratos são feitos de… bem, carne de humanos -, Hannibal chegou a seu fim esse ano. Da melhor forma. Incisiva, extremamente bem filmada e com um elenco estelar, Hannibal sempre foi algo que eu nunca imaginava que um dia eu pudesse ver na TV. E talvez só assistindo pra entender isso que eu digo. A terceira temporada foi ainda mais rica, sombria e perturbadora que as anteriores. A relação entre Hannibal (Mads Mikkelsen) e Will Graham (Hugh Dancy) continua sendo o centro de tudo. E a culminação dessa relação entre amor e violência é de deixar qualquer um embasbacado.

 

looking

 

Looking

Uma série que só cresceu em sua segunda e última temporada. Muita coisa aconteceu aqui – do relacionamento tumultuado de Patrick e Kevin até a morte inesperada do pai de Doris – e a série manteve sempre seu cuidado e carinho pela amizade entre os protagonistas e suas vidas. É pelo trabalho de ir a fundo em cada um dos personagens que torna Looking tão especial. Foi com alegrias e dores que acompanhamos o desenvolvimentos das histórias de Dom, Patrick e Agustin. Entre tantas opções da TV, encontrei uma série tão única, delicada e dedicada. Uma pena que acabou tão cedo.

 

theleftovers

 

The Leftovers

A segunda temporada começou de um jeito totalmente inesperado. Parecia uma outra série, em outro lugar, com outros atores. Mas foi tudo uma introdução para o aprofundamento de cada um dos personagens que habitaram a primeira temporada. The Leftovers entregou um dos mais ambiciosos e complexos arcos narrativos da TV esse ano. Seguindo individualmente algum personagem por um episódio, ou mesmo juntando todos eles, tudo pareceu tão meticulosamente orquestrado, que as poucas pontas soltas nem incomodaram. Mesmo as histórias mais fantásticas e surreais foram fincadas com um pé no chão e todos os medos de que Lindelof fosse recriar toda a confusão que foi sua série anterior, Lost, foram por água abaixo. Ele trouxe aqui uma história coesa, com boas resoluções pros mistérios, num elenco impecável encabeçado pelos ótimos Justin Theroux e Carrie Coon. É uma série de desenvolvimento de personagens, tão complexos e cheios de problemas. E assim chega ao coração: até onde conseguimos viver num mundo que nos causa tanta dor?

 

transparent

 

Transparent

Transparent é tão bom, tão cheio de boas performances e excelentes roteiros que nos fazem querer seguir a história até do mais frustrado dos Pfeffermans. Mais do que isso, com o passar do tempo, a série vai se tornando uma grande investigação de gênero e sexualidade. É bem sucedida em compreender que seus personagens não estão – e nunca estarão – acima da tóxica sociedade que nos envolve. E nisso vem o triunfo em explorar tão bem o que acontece quando personagens mais fechados resolvem seguir em frente com a mente mais aberta. Uma tocante história não só de um homem que resolve dizer à sua família que sempre se sentiu como uma mulher, mas uma sincera dedicação à jornada humana.

 

youretheworst

 

You’re The Worst

Acho que ninguém esperava muito de You’re The Worst quando ela estreou no verão americano de 2014. Não era uma série muito falada, mas que foi ganhando vozes pouco a pouco, pela qualidade do que há ali. São personagens tão próximos à realidade, coisa rara numa comédia romântica. Se a primeira temporada era sobre como duas pessoas poderiam ficar juntas, essa segunda foi muito mais a fundo em um relacionamento. Se as comédias românticas costumam terminar assim que os protagonistas vão morar juntos, é partir desse ponto que se desenvolveu a trama aqui. É em You’re The Worst onde vi uma das mais honestas e competentes histórias sobre algo que atinge a tantos no mundo: a depressão. E enquanto um batalha pra vencê-lo, enxergar nos olhos do outro a frustração em não conseguir ajudar o parceiro como gostaria. Mesmo com esse tom pesado, a série é engraçada e divertida, onde me peguei rindo entre as lágrimas numa excelente segunda temporada.

 

filmes

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45 Anos (45 Years), de Andrew Haigh

Será que a gente realmente conhece bem outra pessoa, mesmo aquela que você compartilhou a vida nos últimos 45 anos? O diretor e roteirista Andrew Haigh (do maravilhoso Weekend e criador da excelente série Looking que citei na lista acima) transforma a chegada de um aniversário de casamento em um terrível despertar. Uma carta chega ao marido, avisando que encontraram o corpo do seu primeiro amor congelado nos Alpes. É nessa hora, à beira de uma festa de 45 anos que uma parte de um aparentemente casal feliz precisa reconhecer a existência de uma terceira parte – um fantasma de um velho romance – que permeia o casamento desde o começo. Charlotte Rampling e Tom Courtenay trazem duas das mais quietas e devastadoras performances recentemente vistas, em que desenham toda uma história de uma vida vivida juntos. É de palavras, olhares, pequenos momentos e mínimos gestos que ficam aqui toda a dor de um relacionamento.

 

mustang

 

Cinco Graças (Mustang), de Deniz Gamze Ergüven

Cinco irmãs vivem numa vila turca perto do mar. Orfãs há muito tempo, foram criadas pela avó com ajuda de um tio. A mais nova e corajosa delas, Lale (Günes Nezihe Sensoy), deve ter por volta de 12 anos. A mais velha, uns 17. As cinco andam sempre juntas. Depois do último dia de aulas, no final da primavera, vão à praia com alguns garotos e brincam inocentemente, entre as ondas do mar. Uma vizinha vê, conta para sua vó e pela vila. As meninas causam vergonha pra uma casa de família. Por nada. A casa vai virando uma espécie de prisão e a vó começa a arranjar casamentos pra cada uma delas. Quão, enquanto jovem mulher, você pode preservar sua modéstia e também sua liberdade de espírito quando seu propósito de vida, segundo a sociedade em que vive, é o de encontrar um marido? O medo da resposta brilha, claramente e com mais força, nos olhos de uma criança – Lale, que vê seu futuro pouco a pouco surgindo em frente a ela, como as ondas do começo do filme. Irmandade, feminismo e liberdade num dos filmes mais tocantes que vi esse ano.

 

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Divertida Mente (Inside Out), de Pete Docter e Ronnie del Carmen

Fazia um bom tempo que a Pixar não me surpreendia, divertia e emocionava com seus filmes. Em Divertida Mente, fizeram mais que isso: é um dos melhores filmes deles. Fico impressionado em como eles pegaram uma ideia tão complexa como os pensamentos e sentimentos humanos e fizeram um filme tão adorável, divertido e leve. Riley é uma menina de 11 anos que muda com seus pais pra San Francisco. Ela vai para uma nova escola, tenta entrar no time de hockey, sente falta da casa antiga. É isso. Nada de robôs, super heróis ou grandes invencionices aqui. É que a história se passa mesmo dentro da sua mente, onde existem 5 sentimentos comandando o que ela faz: Alegria, Raiva, Tristeza, Medo e Nojinho. Uma confusão entre os sentimentos, junto à mudança de cidade, desgovernam a vida de Riley. Assim começa uma saga dentro de sua mente pra conseguir organizar tudo de novo. E é nessa saga que a gente vai aprendendo como também todos os sentimentos são importantes no nosso crescimento. Divertida Mente é uma delícia – engraçado, charmoso e cheio de surpresas. É também um argumento que a dor, tristeza e a melancolia são necessárias, mesmo que aqui vestidas nas brilhantes cores do entretenimento.

 

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Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina), de Alex Garland

Um recluso gênio convida um de seus jovens empregados para ir a sua casa no meio de uma floresta e testar se a robô que ele criou é realmente inteligente. Dessa história nasce um claustrofóbico e tenso thriller em que os três personagens circulam uns aos outros numa manipulação psicológica e de poder. É um filme tenso, que se passa basicamente em uma locação e com brilhantes atuações, especialmente por parte de Oscar Isaac (o gênio) e Alicia Vikander (a robô). Se a questão proposta é em torno de quão humana a robô é, o que fica pra mim é: quão humanos todos os personagens realmente são?

 

forcemajeure

 

Força Maior (Force Majeure), de Ruben Östlund

Um casal sueco e seus dois filhos passam férias num hotel de esqui nos Alpes Franceses. Um casal que vive bem, sem maiores problemas. Um dia, almoçando na varanda do hotel, uma avalanche vem descendo a montanha ao fundo. Ao princípio, nada que pudesse os atingir. Até que uma fumaça vem por cima de todos que ali almoçam. O pai pega o celular e sai correndo. A mãe abraça os filhos e fica ali, perdida. Passada a fumaça, nada aconteceu a ninguém naquela varanda, foi só um susto. Mas e como fica a insegurança da mãe em perceber que seu marido saiu correndo num momento extremo como esse ao invés de ao menos tentar proteger e ajudar ela e os filhos? Dessa inevitável crise conjugal nasce um filme de diálogos belamente escritos, de dúvidas crescentes e revelações, que me sacudiu a cabeça pelo resto do ano.

 

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Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), de George Miller

Lembro que assim que assisti a esse filme pela primeira vez, o chamei de Velozes e Furiosa. É que George Miller teve a coragem e brilhante ideia de colocar o protagonista Max (Tom Hardy) lado a lado a uma personagem feminina tão forte e importante: a Furiosa de Charlize Theron. Num futuro desértico onde a água é o maior bem, a sociedade é dominada por aquele que a controla, Immortan Joe. Ele possui 5 mulheres chamadas “esposas”, lindas e jovens que servem somente pra gerar prole. Furiosa é quem consegue fugir com elas e a partir disso e de seu encontro com Max, o filme toma um acelerado rumo. Miller cria um mundo completamente surreal e extravagante, com cenas de ação incríveis em um filme que você não sabe muito o que esperar a seguir. E é na força de Furiosa e das cinco esposas que reside o coração da história. Como disse nosso colaborador Adriano em sua resenha: “O cinema foi inventado para que obras assim fossem feitas.”

 

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Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash), de Damien Chazelle

Whiplash começa com as batidas de uma bateria. Não tem como começar melhor: a crescente velocidade das batidas vem chegando como um furacão e essa é melhor introdução que esse filme tão intenso e seu protagonista poderiam ter. Andrew Neyman (Miles Teller) é um aspirante a baterista que estuda numa prestigiada escola de Nova York. Ele quer ser uma lenda. Quando um reverenciado e temido instrutor (J. K. Simmons) o escolhe, parece que seus sonhos poderiam se realizar. Mas a partir disso começa o furacão da história. Pode você gostar ou não de música, o centro aqui é sobre embate entre esses dois, mais do que a música. E é nesse duelo que reside um dos filmes mais vibrantes do ano, vencedor de três merecidos Oscars.

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