preferidos de 2015: livros e cartas amarelas

preferidos de 2015: livros e cartas amarelas

Todo final de ano listo o que mais gostei em algumas categorias. O segundo post lista os livros que mais gostei e as cartas que escrevi esse ano que são mais importantes entre as coisas que vivi e pensei. Assim como ano passado preferi não colocar em ordem de preferência, a ordem é alfabética. As listas de livros e cartas amarelas em: 201420132012.

 

livros

 

virtudes

 

As Pequenas Virtudes // Natalia Ginzburg

No meio de momentos tão conflitantes com coisas que tem acontecido não só por aqui como no mundo, caí de frente a um livro com um título que me tocou de cara: As Pequenas Virtudes. Um livro curtinho, cheio de pequenas histórias. Todas elas escritas no passar de vários anos (de 1944 a 1962) e publicadas em revistas, na época. A autora, Natalia Ginzburg, reuniu essas suas histórias que tinham em comum falar das pequenas virtudes e lançou o livro em 1962, lançado por aqui em 2015 pela Cosac Naify. Um livro que traz, numa forma por vezes dura, por vezes sensível, a beleza da memória humana. [a resenha completa aqui]

 

circo

 

Circo Invisível // Jennifer Egan

1978, San Francisco. Phoebe é uma adolescente chegando a seus 18 anos. Sem ter vivido ainda grandes emoções, sua vida de certa forma parou 8 anos antes, com a morte de sua irmã, Faith. Phoebe tem uma fixação por Faith. Passou a infância vendo a irmã vivendo de forma livre e sem medos, em plenos fins dos anos 60. Sua irmã completou 18 anos e foi pra Europa, onde nunca se sabe bem o que viveu, mas onde acabou se suicidando em um vilarejo na Itália. Livros com uma certa melancolia me atraem. Livros sobre amadurecer também. Todo mundo cresce e todo mundo também é fruto do ambiente em que se cresce. Esperando se encontrar pelo caminho, cada um do seu jeito, cada um com seu passado. [a resenha completa aqui]

 

formas

 

Formas de Voltar Para Casa // Alejandro Zambra

Os terremotos não atingem a todos de forma igual: enquanto uns voltam pra casa e não existe mais nada ali, há quem volte e encontre tudo mais ou menos como estava, mesmo que com algumas perdas ou rachaduras. Em 1985 um terremoto atingiu o Chile e esse é o ponto de partida de Formas de Voltar para Casa, livro de Alejandro Zambra, onde o autor de alguma forma mistura sua própria vida com a vida do narrador/protagonista do livro. O passado é algo forte e que define muito do que a gente vive hoje. O passar da vida vai mudando e moldando as pessoas e relações. “O passado nunca deixa de doer, mas podemos ajudá-lo a encontrar um lugar diferente.” [a resenha completa aqui]

 

magico

 

O Ano Do Pensamento Mágico // Joan Didion

“A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você se senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente” Assim começa o relato de Joan, ao perder o marido, do nada, num dia qualquer. Uma narrativa dura, seca, de uma parte de nossas vidas que a gente não está acostumado a lidar. [escrevi uma carta amarela a partir das minhas reflexões ao ler o livro, ela está aqui]

 

cartas amarelas

 

106

 

#106 // dançando sozinho

“Vi um pai ensinando um filho a andar de bicicleta sem rodinhas. O menino caía, se esfolava todo, levantava na mesma hora e se punha a tentar de novo. Lembrei de quando eu era criança. Eu caía, machucava, colocava um band-aid e voltava a brincar. Lembrei de quando quebrei o braço, e ao chegar na escola parecia um herói, afinal eu tinha caído tentando alcançar o galho mais alto da árvore. Não sei quando exatamente mas a gente cresce e começa a se importar com os machucados. A gente não quer se machucar e paramos de arriscar. Por um coração quebrado a gente veste uma armadura pra não deixar ninguém entrar. Por medo do fracasso, deixamos de tentar várias daquelas vontades de lá do fundinho da gente.” [a carta inteira aqui]

 

113

 

#113 // respire

“Criei um ritual que por vezes na casa da minha mãe pego os álbuns antigos pra ver fotos de um tempo que eu mesmo pouco me lembro. Algumas vezes ela senta comigo, olha algumas e me conta histórias que a gente viveu. Faço perguntas que já sei as respostas só pra ter o prazer de ouvi-las. Pela sensação incrível de me encontrar com a criança que eu fui.” [a carta inteira aqui]

 

117

 

#117 // ser homem, ser gay, ser humano

“Olhar para dentro é algo doloroso. Não é fácil encarar as verdades sobre você mesmo e descobrir que mal se conhece na realidade. Vivemos nos autoafirmando, né? Colocando a selfie no instagram pra dizer “Eu sou saudável, corro todas as manhãs e vivo uma vida tranquila” ou “Sou bom e honesto, pago todos os meus impostos e contas em dia, leio dois livros por mês”. Mas e o que você tem lá no fundo? Cadê? Esses mesmos preconceitos que você nasceu sendo colocados como verdades. Até que ponto você enumera seus valores, até onde você vai pra realizar metas? Pra que você acorda todas as manhãs?” [a carta inteira aqui]

 

120

 

#120 // acredite em você

“Projetos dão errado também. É importante aceitar as derrotas e entender que tudo na vida tem um fim. Continuo acreditando que saber que nada dura para sempre é o jeito de amar as pessoas, coisas, lugares e momentos da melhor forma possível. Sabe quando a gente viaja e quer aproveitar cada segundinho porque sabe que talvez nunca mais vai ver aquele lugar de novo? É isso. Se cobrar menos pelos erros, aprender com eles e continuar tentando fazer as coisas é se amar também. Nisso vem o meu maior encantamento pela vida, por uma vida que merece ser muito mais que um trabalho pesado, por uma vida mais leve onde os amores se confundam, onde a gente tenha a certeza que cada fim também é um novo começo.” [a carta inteira aqui]

 

122

 

#122 // escolhi o sim

“Eu digo sim para mim quando assumo as fraquezas mais escondidas que sinto presas dentro do meu peito. Quando eu perco o que eu mais desejo por sentir mais amor do que segurança, do que força, do que maturidade. Do que todas as palavras que representam a racionalidade. Só não quis mais viver angustiado pelas vezes que eu não pedi um beijo de despedida, não acenei a mão, não disse que estava apaixonado, não sorri, não agradeci pela companhia, não decidi mudar minha vida.” [a carta inteira aqui]

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