orgulho e preconceito
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Tem filmes que a gente vê uma vez e ama de cara. Tem filmes que a gente detesta e fica com raiva só de ouvir falar. Tem aqueles “clássicos da Sessão da Tarde”, que carregam um valor afetivo porque remetem à nossa infância (como quando eu escrevi sobre Uma Secretária de Futuro). E tem aqueles que a gente vê uma vez, gosta mas não ama, mas de repente – anos depois, ou meses depois – assiste de novo e pensa: “Como assim eu não amava esse filme antes??”
Pra mim, Orgulho e Preconceito é um dos exemplos mais fortes desse tipo de filme. Assisti à película pela primeira vez quando saiu nos cinemas, em 2006. Lembro de ter achado bem bom, mas nada maravilhoso. Anos depois, achei numa promoção um DVD duplo de Desejo e Reparação + Orgulho e Preconceito (sendo vendido como “sessão romântica dupla com Keira Knightley”! Quem viu Desejo e Reparação sabe como o filme é muito mais triste do que romântico). Eu acho Desejo… obra-prima, achei que pelo preço anunciado valia a pena ter um segundo filme ok.
Pois que surpresa! Orgulho e Preconceito, versão 2005, é delicioso. É filme que me deixa absurdamente feliz. Nunca assisti nenhuma outra versão da história – nem a minissérie famosa com o Colin Firth -, mas arrisco a dizer que nenhuma outra versão conseguiria melhorar o trabalho do diretor Joe Wright. Tudo é sensacional: a parte técnica (figurinos, cenários, fotografia – que lugares esplêndidos na Inglaterra!) e o elenco, que reúne veteranos tarimbados (Judi Dench, Donald Sutherland) e iniciantes (olha a Carey Mulligan no seu primeiro filme!).
Mas o coração do filme obviamente é Keira Knightley. Até então, eu achava a Keira apenas uma sub-Winona Ryder (sempre achei as duas bem parecidas), e nada especial em filmes como Driblando o Destino. O que ela faz em Orgulho e Preconceito, porém, é inacreditável. Ela é a Elizabeth Bennet perfeita. Inteligente, esperta, sem papas na língua, sempre com uma resposta na ponta da língua – mas que também não percebe quando está ferindo os sentimentos dos outros. Ela é razão, sensibilidade, orgulho e preconceito em momentos alternados. E é um prazer ver em como o talento da atriz se manifesta não apenas em como ela diz os diálogos impecáveis, mas também em momentos sem falas. Queria ter achado o clipe de uma cena brilhante, em que Elizabeth vê pela primeira vez a casa do seu amado/odiado Mr. Darcy. Após ter recusado um pedido de casamento dele – mas já percebendo que ela o julgou errado -, ao ver a mansão incrível dele, ela apenas dá uma curta risada. E é uma risada tanto de “caramba, olha só o que eu perdi” quanto de “óbvio que ele mora num lugar assim”. Não é o único momento do filme que pode ser visto tanto como engraçado como de partir o coração.
E após ler o livro de Jane Austen (coisa que só fiz há um par de anos; recomendo a obra a todo mundo, é genial!), gostei ainda mais do filme. As mudanças feitas pelo diretor me agradaram bastante – especialmente o modo como os pais de Elizabeth são mostrados no filme, e também o final. Não vou contar como acaba! Mas fiquei feliz de ver que o roteiro eliminou umas páginas finais que funcionam quase como um anticlímax. Do jeito que ficou, o final do filme é bonito, leve, emocionante e é o auge de uma das melhores relações pai/filha que já vi em um filme. Toda vez que assisto, derramo mil lágrimas. De felicidade pura e não contida.
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