o primeiro homem mau

o primeiro homem mau

Há algumas semanas li uma das entrevistas mais adoráveis dos quais já passei meus olhos. Era Miranda July entrevistando ninguém menos que Rihanna para a revista T do New York Times. Mais do que a entrevista em si, Miranda relata sua viagem pra fazer a entrevista, a conversa que teve com o motorista e todas as suas neuroses e fantasias a respeito de conhecer alguém como… Rihanna! Ao mesmo tempo que é bizarro ler todos os seus pensamentos que passavam ali, é incrível como é compreensível e cativante o que é que se pode passar numa mente humana.

Lembrei que a primeira vez que ouvi falar da Miranda foi há uns 6 ou 7 anos, quando o meu amigo Adriano, que escreve sobre cinema aqui no blog, me recomendou assistir ao primeiro filme que ela fez, Eu, Você e Todos Nós. Achei o filme ótimo e interessantíssimo. Vi ali o que depois reconheci como uma constante em tudo o que ela faz: ela sempre fala das neuroses e esquisitices que todo mundo tem. Depois de ter lido o ótimo O Escolhido Foi Você em 2013, dei de cara na livraria com o novo livro dela, seu primeiro romance, lançado recentemente: O Primeiro Homem Mau.

Cheryl Glickman, a narradora e protagonista, está na casa dos quarenta. Tem um nódulo na garganta, algo que por vezes incha tanto que não a deixa engolir, de acordo com seus sentimentos. Ela tem uma paixão por Phillip, um homem mais velho que participa do conselho da empresa onde ela trabalha. Ela é gerente de uma empresa de auto-defesa para mulheres. Solitária, reservada, passiva e cheia de manias esquisitíssimas. Até que um dia seus chefes mandam sua filha de 19 anos morar com ela. E aí, óbvio, tudo começa a mudar na sua vida.

Não é um livro que eu recomendaria pra todo mundo. É bem estranho, cheio de passagens absurdas. É tocante e muitas vezes triste. Me vi grudado na história, rindo dos absurdos e me emocionando pelos próprios desafios que Cheryl passa. Miranda nunca é exatamente sentimentalista, tem um jeito de escrever por vezes rude em meio aos absurdos. Mas retrata sentimentos que sempre me tocam. Esse livro toca especificamente num ponto que a escritora passou enquanto escrevia: Ela engravidou e teve seu primeiro filho. E a parte mais tocante no livro, pra mim, são as questões sobre ser mãe. Ela escreve de um jeito completamente particular em sua forma de descrever pensamentos. É adorável em sua esquisitice. É altamente original. Um livro cheio de vida. Um coração pulsante.

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