o grande hotel budapeste
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Trabalho num cinema há cerca de três meses. Antes mesmo de arrumar esse emprego (que não é glamouroso nem paga bem, mas eu gosto), assisti nesse mesmo cinema a O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, no fim de semana de estreia. Foi no início de março. Quatro meses depois, o filme continua em cartaz. Não que esteja lotando sessões, mas segue atraindo um público considerável, e segue deixando os espectadores com um sorriso na cara ao fim de cada sessão.
É um sucesso merecidíssimo, na minha opinião – o filme já é o mais rentável da carreira de Anderson, tanto nos EUA quanto internacionalmente. Todo mundo que conhece a obra do cineasta (autor, entre outros, de Os Excêntricos Tenenbaums, Moonrise Kingdom e A Vida Marinha com Steve Zissou) sabe como Anderson é um dos cineastas mais peculiares do cinema atual. Seus filmes são únicos, sempre com características próprias, e com um visual todo específico – como alguém disse, de modo pejorativo, talvez?, é o cineasta do Instagram antes mesmo que o Instagram fosse inventado.
O Grande Hotel Budapeste é um dos seus melhores filmes. Anderson colocou um elenco gigante e fenomenal (basta dar uma olhada no pôster do filme) a serviço de uma história hilária e rocambolesca, cujo personagem principal é mesmo o belíssimo, arcaico e decadente hotel do título. Gustave H (Ralph Fiennes), o circunspecto concierge do hotel, herda de uma de suas amantes um quadro valioso – o que acaba colocando-o na mira dos outros herdeiros (incluindo um Adrien Brody hilário e seu capanga Willem Dafoe). Segue-se uma perseguição que inclui uma prisão, uma corrida na neve, gatos sendo jogados pela janela, doces maravilhosos e uma garota adorável com uma mancha no rosto.
Assim como o submarino de Steve Zissou e a casa de Tenenbaums, o Hotel Budapeste é uma maravilha de detalhes, enchendo os olhos do espectador. Não consigo nem imaginar no esmero com que Anderson prepara seus filmes – o cuidado com o visual é dos mais extremos, sempre criando um micro-mundo todo original, com referências de lugares de verdade mas nunca visto antes. Os personagens, também, não se comportam necessariamente como pessoas de verdade, e estão sempre surpreendendo com suas ações, reações e demonstrações de afeto quando menos se espera.
E termino esse texto com uma dica de quem trabalha num cinema: fique até o final dos créditos. Não tem nenhuma cena escondida, mas a música de Alexandre Desplat é uma delícia, uma loucura com influências russas que vai crescendo e crescendo até quase sair da tela. Vai te deixar feliz igual o bonequinho que dança a música na tela, enquanto os nomes passam.
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