o duque de burgundy
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Uma bela mulher pedala por ruas de uma vila idílica, com uma música sugestiva ao fundo. A cada nome que aparece na tela, a cena congela, cores dominam a imagem. Tudo indica um filme-de-arte-erótico-europeu dos anos 70, do qual Emmanuelle é o representante máximo. O Duque de Burgundy parece ser uma atualização desse sub-gênero; a ideia é reforçada pela presença de duas atrizes nos papéis principais, de um casal envolvido em jogos sexuais sadomasoquistas.
Agora que você já sabe disso, esqueça tudo. O Duque de Burgundy não é um filme erótico. É um filme sobre relacionamentos, sobre duas pessoas que se amam de verdade, cada uma à sua maneira. É sobre o esforço e dedicação necessários para manter o interesse aceso. E é um filme que contém uma conversa sobre uma cama onde uma pessoa dorme fechada embaixo do colchão – e feliz assim.
Cynthia (Sidse Babett Knudsen, da incrível série dinamarquesa Borgen) é uma especialista em borboletas e mariposas; sua jovem namorada, Evelyn (Chiara D’anna) compartilha dos interesses de Evelyn mas precisa de mais para ser feliz no dia-a-dia. É assim que O Duque de Burgundy apresenta os jogos sexuais das protagonistas: como uma necessidade, mais para uma parte do que para outra. O conflito vem daí: até onde alguém está disposto a ir para deixar a pessoa amada feliz?
Para quem ficou receoso ao ler “sadomasoquismo”, não precisa se preocupar: o filme não tem nada de violência. Os jogos sexuais fazem pensar exatamente o que disse um amigo: quem é o verdadeiro dominador e quem é o dominado? Quem dita as regras numa relação assim? É possível encontrar um equilíbrio real e saudável?
O Duque de Burgundy é um desbunde para os olhos, maravilhosamente fotografado, com um figurino belíssimo – embora deixe Cynthia quase louca (“Metade dessas roupas precisa de um manual de instruções!”) E ao final me deixou comovido como nenhum outro romance que assisti nos cinemas em 2015. Vale muito a pena entrar no mundo de Cynthia, Evelyn e seus banheiros humanos. (Não pergunte – assista!)
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