mulheres do século XX

mulheres do século XX

Se existe algo que a história nos ensina hoje e sempre é que o passado nos faz sentir espertos e o futuro nos faz sentir tolos – a gente acha que sabe onde estamos indo porque sabemos de onde viemos. Mas muitas das vezes não acontece como esperávamos. O mundo é algo que você tem que experimentar por si mesmo. E é isso que o tocante Mulheres do Século XX vem mostrar.

O amor e a perda andam de mãos dadas aqui, numa divertida e tocante história sobre três mulheres de diferentes gerações descobrindo novas coisas em sua vida ao passo que cuidam de um garoto adolescente. Dorothea Fields (Annette Bening) é uma mãe divorciada enfrentando várias mudanças, sociais e pessoais, no último verão dos anos 70. Ela tem um adolescente de 15 anos pra criar, Jamie (Lucas Jade Zumann). Ela não sabe como lidar com o menino em sua fase de puberdade, e pede ajuda a duas mulheres: Abbie (Greta Gerwig), uma fotógrafa nos seus vinte e poucos anos que aluga um quarto em sua casa; e Julie (Elle Fanning), uma vizinha de 17 anos por quem o menino é apaixonado.

Assim começa a história que o diretor e roteirista Mike Mills – que foi indicado ao Oscar de roteiro por este filme – buscou em sua própria vida. Em 2011 ele fez um dos meus filmes prediletos: Toda Forma de Amor, inspirado na sua relação com seu próprio pai, que saiu do armário quando tinha 75 anos. Aqui, neste filme, a inspiração é em sua mãe e em algumas mulheres que fizeram parte da sua vida. O filme é feito de pequenos momentos que ajudam a definir cada um desses personagens. Nenhum deles parece estar ali por acaso, cada personagem é tridimensional e cada atuação das três mulheres, um ato de delicadeza: Annette Bening, extraordinária, interpretando com complexidade e compaixão cada olhar, gesto e fala da mãe; Greta Gerwig, incrível em sua dolorida história de quem sobreviveu a um câncer; Elle Fanning, a adolescente que tenta se descobrir ao mesmo tempo em que quer ajudar Jamie.

Mulheres do Século XX é uma celebração das mulheres como pioneiras e também como protetoras. Mills nos convida a pensar se as pessoas são definidas pelo tempo em que vivem ou se é o tempo que define as pessoas. A pensar sobre o que é ser uma boa pessoa. Mais do que isso, ele cria um espaço pra que a gente pense na nossa própria trajetória de vida, memorizando os passos e lugares num pensamento do que será da gente em tempos futuros. Como Abbie diz, em certo momento: “Qualquer coisa que você imaginar que será sua vida, saiba que a vida não vai ser nada daquilo”. E assim se faz um filme generoso, chegando onde muitos não conseguem chegar: ao coração.

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