mudança
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sentei na grama. estiquei as pernas e os pés até sentir estalar. me recostei vagarosamente, olhando o céu. encostei a cabeça naquele tapete verde, senti que estava levemente úmida. fiquei olhando pra cima. a ponta dos eucaliptos tocando o céu. cortando o azul com seus galhos balançando com a brisa ainda meio fria do inverno. pensei em quanto tempo fazia que eu não passava um feriado sem trabalhar – essa coisa de ser o próprio chefe tem dessas. mas tem dias que a gente precisa de um respiro. tenho andado ansioso com a mudança, ansioso com o não saber se as coisas vão continuar a dar certo. mudar de cidade é uma coisa que sempre mexeu muito dentro de mim. ainda lembro quando morei num apartamento de 20 metros quadrados e aprendi a desapegar das coisas. lembro também daquele cantinho onde não cabia nem fogão na cozinha, e no quanto tive me virar a testar receitas que não precisavam ir ao forno. mas a vida é essa e o mais gostoso desses pulos meio de olhos fechados é saber que mesmo que tudo dê errado eu aprendi alguma coisa de lição. a gente segue com a certeza que os afetos continuam do nosso lado. na certeza que nas poucas caixas vão histórias e não coisas. tentei não pensar muito nisso hoje mas não consegui. levantei e saí procurando todo o amarelo que conseguir reunir em algumas imagens. gosto de lembrar, sempre sempre, que o que as mãos não tocam a alma afaga.
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