melhores filmes de 2015

melhores filmes de 2015

Há um par de anos que não escrevo lista de melhores filmes. Pois em 2015 decidi retomar o costume: eis aqui meus dez filmes favoritos vistos no cinema em 2015. A maior parte deles já estreou no Brasil e está disponível de alguma forma; para os que ainda não passaram no país, indiquei a data de estreia.

Por um 2016 com muitos filmes incríveis pra todos nós!

 

10 ex machina

 

10 >> Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina, dir. Alex Garland)
A estreia na direção de Alex Garland chegou carregada de expectativa – afinal, no currículo de roteirista do moço estão alguns dos melhores filmes britânicos recentes (28 Dias Depois…, Sunshine, Não Me Abandone Jamais). Pois Ex Machina não decepciona: é o raro filme de ficção baseado em material original. Ao mesmo tempo em que fascina com seus efeitos especiais impecáveis, provoca o espectador com ideias, e não com sequências de ação. O filme é montado como um suspense tenso, um triângulo inusitado (criador, criatura e possível salvador), mas ao fim questiona as aparências e intenções de todos os personagens. E fica aquela pergunta clássica da ficção científica: o que nos torna humanos?

 

09 que horas ela volta

 

09 >> Que Horas Ela Volta? (dir. Anna Muylaert)
Talvez a palavra que eu mais tenha lido na internet em 2015 tenha sido “feminismo”. No ano em que as mulheres (mais do que nunca?) questionaram o patriarcado e os preconceitos da sociedade, o filme de Anna Muylaert caiu como uma luva: na figura de Jéssica (Camila Márdila), temos o retrato do melhor da nova geração. Questionadora, metendo o pé na porta, ela representa os novos valores – que, querendo ou não os tradicionalistas, chegaram pra ficar. Mas o coração do filme pertence a Val (Regina Casé, brilhante): dividida entre a vida e o papel acostumada a ter, assustada diante das possibilidades que nunca vislumbrou, maravilhada quando percebe que o mundo é muito mais do que casa-grande-e-senzala.

 

08 bridge of spies

 

08 >> Ponte dos Espiões (Bridge of Spies, dir. Steven Spielberg)
Ponte dos Espiões me fez pensar no seriado Dawson’s Creek. Na escola de cinema, o protagonista era recebido com escárnio quando dizia que seu diretor favorito era Steven Spielberg. Como as coisas mudam: Spielberg há muito deixou de ser apenas “um excelente diretor de blockbusters”, e é merecidamente reconhecido como um excelente diretor, ponto. Ponte dos Espiões é talvez o filme mais clássico do ano, um filme de 2015 com ares nostálgicos – não apenas pela elegância da reconstituição de época, mas principalmente por ter dois dos personagens mais dignos do ano: James Donovan (Tom Hanks) e Rudolf Abel (Mark Rylance, talvez a melhor atuação masculina de 2015). A honradez dos dois é comovente, e carrega essa maravilha de filme.

 

07 spy

 

07 >> A Espiã Que Sabia de Menos (Spy, dir. Paul Feig)
Missão Madrinha de Casamento é um dos filmes mais engraçados da década. A nova empreitada da dobradinha Paul Feig + Melissa McCarthy periga ser ainda mais divertida. Num ano em que os filmes de espiões abundaram, essa paródia consegue a proeza de não somente fazer graça com o gênero, mas de ser um excelente filme de espião também! McCarthy brilha com seus costumeiros impropérios, mas também em cenas de luta (!!), e o elenco coadjuvante é inacreditável de bom: Jason Statham parodiando sua própria persona de bad boy, Peter Serafinowicz como o Don Juan mais engraçado do mundo, e principalmente Rose Byrne, genial como a vilã mafiosa Rayna. É o tipo de filme que me faz rir só de lembrar.

 

06 carol

 

06 >> Carol (dir. Todd Haynes, estreia no Brasil em 14 de janeiro)
Escrevi recentemente aqui sobre o filme; já disse o quanto essa adaptação de Patricia Highsmith (autora de O Talentoso Ripley) me comoveu. Um dos aspectos mais curiosos da obra é como a relação entre Carol e Therese evolui de forma lenta, gradual. É mais um ponto para o filme: seria fácil levar as personagens pra cama já num primeiro (ou segundo) encontro, mas e a veracidade? Estamos falando dos anos 50, onde as emoções não eram colocadas de forma tão explícita. A relação das protagonistas leva as duas a realmente se conhecerem. Quando as protagonistas enfim se desnudam literalmente, elas já estão nuas de forma figurada há um bom tempo – o que torna o ato muito mais significativo.

 

05 plemya

 

05 >> A Gangue (Plemya, dir. Miroslav Slaboshpitsky)
A premissa de A Gangue pode espantar muita gente: um filme 100% em linguagem de sinais, sem legendas, sem narração, sem trilha sonora. Ouvimos os passos dos personagens, suas interjeições e gritos, e só. Situado em uma escola para surdos-mudos na Ucrânia, o filme é uma proeza, algo provavelmente único na história do cinema: mantém o espectador pregado na cadeira o tempo todo, mesmo que ele não entenda completamente o que está acontecendo. A linguagem corporal é universal, assim como ações que demonstram medo, fúria, desejo, vingança. A Gangue merece ser visto por todos, mas não é de forma alguma um filme para qualquer um; o final é, sem exageros, uma das coisas mais chocantes que eu já vi na minha vida de cinéfilo.

 

04 whiplash

 

04 >> Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, dir. Damien Chazelle)
N filmes já foram feitos sobre o pupilo ambicioso e o mestre durão que, por meio de terríveis lições, ensina o pupilo a se superar. Mas Whiplash pisa e cospe na fórmula, criando um pupilo (Miles Teller) tão tenaz e decidido que às vezes chega a ser odioso; e um mestre (J. K. Simmons) tão, mas tão sádico que literalmente leva estudantes a cometer atos contra a própria vida. É um fascinante duelo de duas pessoas obstinadíssimas; e o filme não está nem um pouco preocupado em tornar as coisas mais palatáveis pro espectador. Whiplash é todo suor e sangue. E é também genial, com uma edição fantástica e atuações assombrosas. Da leva de filmes indicados ao Oscar 2015 (em que Birdman saiu vencedor), Whiplash é disparado o melhor.

 

03 the duke of burgundy

 

03 >> O Duque de Burgundy (The Duke of Burgundy, dir. Peter Strickland)
Eu falei brincando num grupo de discussões do qual participo, mas na verdade estava só 50% brincando: nenhum filme sobre um casal lésbico envolvido numa relação S&M deveria me comover tanto como O Duque de Burgundy. A princípio, o filme é uma festa para os olhos: figurinos belíssimos, cenas mesmerizantes envolvendo borboletas, atrizes lindas com penteados idem. Depois o filme se torna uma festa para desopilar o fígado, com diálogos hilariantes (“Metade dessas roupas precisa de um manual de instruções!”). E ao final, O Duque de Burgundy revela-se uma festa para o coração: Cynthia e Evelyn são o casal mais incrível do ano, duas pessoas que se amam profundamente, numa relação onde os jogos são apenas isso: jogos, sem a intenção de enganar ou magoar ninguém.

 

02 inside out

 

02 >> Divertida Mente (Inside Out, dir. Pete Docter e Ronnie Del Carmen)
O estúdio Pixar é o maior exemplo de como manter-se no topo é difícil: após uma série de obras-primas, o estúdio decepcionou com filmes que vão do “ótimo” ao “apenas ok” (Valente, as sequências de Carros e Monstros S/A). Pois Divertida Mente não é apenas mais uma obra-prima da Pixar, mas com certeza o filme mais adulto do estúdio (e talvez o melhor?). Com uma premissa das mais difíceis – afinal, a maior parte da história se passa dentro da cabeça de uma garota -, Divertida Mente é inventivo até a medula (com o perdão do trocadilho): o que é aquela sequência dos pensamentos abstratos?? E as lições que o roteiro passa são universais, dirigidas a Rileys de todas as idades e gêneros. Seja bem-vindo de volta, Pixar. Sentimos a sua falta.

 

01 mad max fury road

 

01 >> Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, dir. George Miller)
Se você não gosta de filmes de ação, eu provavelmente não vou conseguir fazer você assistir Mad Max: Estrada da Fúria. O que é uma pena, pois quem vai sair perdendo é você. Eis aqui cinema como espetáculo dos mais embasbacantes, um filme-perseguição de duas horas com inúmeros momentos já clássicos. E não é somente a ação que fascina: a Furiosa de Charlize Theron é um dos grandes personagens do ano, líder de um filme tão feminista que provocou revolta em uma associação de “machos” nos EUA (sério). Tenho tentado me controlar com as hipérboles, mas continuo achando que este é o melhor filme de ação da história do cinema. Honestamente: já houve algum filme como Mad Max: Estrada da Fúria? Arrisco a dizer que não.

 

Outros dez filmes vistos em 2015 que poderiam facilmente estar nessa lista, em ordem alfabética: 45 Anos (45 Years), Amy, Appropriate Behavior, Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher), Livre (Wild), Operação Big Hero (Big Hero 6), Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma), Sicario: Terra de Ninguém (Sicario), Steve Jobs (estreia no Brasil em 21 de janeiro), Victoria.

Um filme pra ficar de olho em 2016: The Invitation. Esse jantar promovido pela ex-mulher de Will (Logan Marshall-Green, de Prometheus) é tensão pura, um filme que me deixou realmente em dúvida sobre o que estava acontecendo de fato na casa do casal Eden (Tammy Blanchard) e David (Michiel Huisman, de Game of Thrones). É melhor saborear esse suspense sabendo o mínimo possível sobre a história – o resultado é assustador.

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  • Camila diz:

    O filme que eu mais gostei foi “A Espiã que Sabia de Menos”, o filme acabou por ser uma grande comédia filme é uma história que todo o público certamente rir. É uma grande alegria ver Melissa McCarthy ato, que também estrela Caça-Fantasmas (deixo mais detalhes aqui: http://br.hbomax.tv/movie/TTL603389/Cacafantasmas), neste filme, seu carisma conquistou Hollywood e tudo o que nós amamos, porque ele mostrou que seu talento é único, e apesar das críticas sobre seu peso, abriu uma grande carreira como atriz.

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