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Scarlett Johansson está atravessando a melhor fase de sua carreira. Uma década após o estouro de Encontros e Desencontros e Moça com Brinco de Pérola, a atriz parece estar finalmente calando a boca dos críticos mais duros. Em Como Não Perder Essa Mulher, Johansson mostrou ser uma comediante de primeira; em Ela, a atriz chegou a ganhar prêmios apenas por sua voz, sem jamais aparecer na tela. À parte o sucesso dos filmes de super-herói em que interpreta a Viúva Negra, a única coisa que faltava à atriz era um hit em que ela fosse a protagonista – um filme que provasse que, além de talento e beleza, Johansson também fosse capaz de levar grana aos estúdios.

Lucy é esse filme. No primeiro fim de semana em cartaz nos EUA, a obra tirou de Hércules o posto de filme número um no país; aqui na Alemanha, ficou no topo dos filmes mais vistos nas duas primeiras semanas. O melhor de tudo? Lucy é ótimo. Divertido e tolo sem ser estúpido, é o tipo de filme que o diretor Luc Besson costumava ser muito bom em fazer – mas que ele aparentemente havia esquecido como fazer desde O Quinto Elemento.

A premissa do filme é baseada no mito bastante popular de que os seres humanos usam somente 10% da capacidade cerebral. A pobre Lucy, convencida/coagida pelo namorado a entregar uma pasta misteriosa enquanto passa férias em Taiwan, acaba absorvendo acidentalmente uma droga que a permite utilizar uma capacidade cerebral cada vez maior. Lucy acaba se tornando uma espécie de super-heroína sem disfarce, desenvolvendo poderes como a capacidade de mover objetos (e pessoas).

O diretor Besson, que sempre foi conhecido pelo apuro visual, não decepciona: várias cenas impressionam pela beleza, como Lucy em Paris observando todas as conexões invisíveis que permitem às pessoas utilizar telefones celulares. Em outros momentos, Besson adiciona divertidas cenas de animais sendo caçados por predadores – fazendo uma analogia à fragilidade de Lucy no começo da história. E ele consegue a estranha proeza de fazer um filme que é ao mesmo tempo complexo e tolo, cheio de ideias mas também cheio de entretenimento. O espectador vai se divertir mais se colocar o cérebro no modo “relax” – deixemos Lucy pensar por todos nós.

E Johansson está excelente num papel raríssimo: em vez de começar séria e ir ganhando emoções ao longo da história, sua Lucy começa assustada e jovial, e vai perdendo as emoções à medida em que a capacidade cerebral aumenta. A voz e a expressão robótica da atriz são perfeitas para essa parte, e por isso mesmo ela surpreende mais no início. O espectador sente todo o desespero de Lucy quando ela é envolvida numa negociação mortal. E numa cena em que ela liga pra mãe pouco antes de virar “super-humana”, a atriz dá ao filme um inesperado peso emocional. É um dos prazeres insuspeitos de Lucy: assistimos não apenas ao desenvolvimento da protagonista, mas também à consagração de uma atriz que passou muito tempo sendo subestimada.

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