histórias de amor

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Existe uma expressão em inglês para definir relações românticas onde uma metade do casal é razoavelmente mais velha que a outra: “May-December romance”. Sempre achei essa expressão poética, e ao mesmo tempo melancólica. O cinema está cheio de histórias “May-December” – e em alguns casos é quase uma marca registrada do diretor, como Woody Allen (que, sejamos honestos, às vezes pega pesado na diferença de idade – e eu estou falando só dos filmes dele, viu? Mas vamos tentar não julgar!)

Claro que casais com uma diferença de idade acentuada podem muito bem ser felizes na vida real – taí o próprio Woody Allen pra provar -, mas em boa parte dos filmes, a diferença de idade não é muito um problema. E na vida real não funciona tão facilmente assim. Tem a pressão dos amigos/sociedade/família, e os questionamentos internos que essa situação provoca. Por isso é um alívio que Jesse, 35 anos, o protagonista de Histórias de Amor (Liberal Arts), fique bastante apreensivo quando fica interessado na adorável estudante Zibby, 16 anos mais nova que ele.

Jesse (Josh Radnor) acaba de voltar à faculdade onde estudou, para participar de uma homenagem a um de seus professores favoritos (Richard Jenkins). Por meio de amigos em comum ele conhece Zibby (Elizabeth Olsen), adorável e precoce estudante de Humanas. E se a história a princípio parece a mesma de mil outros filmes sobre “homem na casa dos 30, em crise, que se apaixona por uma adorável e precoce jovem”, o diferencial é o carinho e a honestidade com que Radnor, também diretor e roteirista, injeta em todos os personagens.

Provavelmente porque Radnor é mais conhecido por seu trabalho como ator – mais especificamente, a série How I Met Your Mother (que eu, confesso, nunca assisti). Ele é generoso com todos os coadjuvantes, seja a sempre excelente Allison Janney – que brilha em uma grande e amarga cena -, seja o desconhecido John Magaro, que parte corações no papel de um estudante com depressão. E sim, o jovem “viajandão” que Jesse encontra aqui e ali é Zac Efron! Num papel hilário e diferente, diga-se.

Histórias de Amor também ganha pontos, muitos pontos carinhosos, pelo amor que demonstra por livros, cartas, e a palavra escrita em geral. Jesse e Zibby começam a trocar cartas, e o resultado é uma sequência maravilhosa que celebra não só a delícia que é trocar cartas, mas também música clássica, e também o prazer que é ler um bom livro. No fim das contas, o filme é muito mais do que um romance May-December: é sobre ser adulto, e as responsabilidades que isso traz, mas também sobre aquele balanço delicado entre agir-como-um-adulto e manter-se-sempre-jovem. Mais ou menos o que todos nós procuramos.

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