histórias cruzadas

Quando eu tinha 4 anos, meus pais contrataram uma empregada para minha casa. Angélica era o nome dela. Uma senhora alta, magra, porém forte e disposta. Trabalhou 14 anos lá em casa. E nesses 14 anos ela continuava tendo ’42 anos’ de vida, ano após ano. Era minha ‘mãe negra’. Cuidou muito de mim minha infância toda. Não que minha mãe não dedicava tempo a mim, pelo contrário. Mas foi com a Angélica que comecei a cozinhar. Minha mãe comprava livros de culinária pra mim e eu ia todo feliz pra cozinha, lia a receita (a Angélica não sabia ler) e fazia junto dela.

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Sexta-feira estréia aqui no Brasil o filme Histórias Cruzadas (The Help) e confesso que chorei o filme todo não só pelo próprio filme, mas por lembrar de algumas próprias histórias. O filme conta a história de uma jovem, Skeeter (Emma Stone) que formada em jornalismo, resolve escrever um livro pra contar da situação das empregadas negras da cidade de Jackson, Mississipi, Estados Unidos. Ela convence Aibileen (Viola Davis) a contar sua história para esse livro.

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Apesar do tema sério, o filme é leve, quase uma sessão da tarde. O que o torna tão grandioso são as atuações: Octavia Spencer traz toques de humor dentre o drama, principalmente ao lado da excelente Jessica Chastain, que interpreta Celia Foote, uma dona de casa rejeitada pela sociedade que sonha conseguir cozinhar para o marido. Do frango frito às tortas de chocolate, o filme é um banquete. Destaco também a atuação de Allison Janney, que faz a mãe doente de Skeeter. É uma mãe que quer o melhor pra filha, mesmo sem saber o que é o melhor, e demonstra toda sua ternura mesmo em situações difíceis.

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Finalmente, o filme é da Viola Davis. Merecidamente indicada ao Oscar de melhor atriz (e que provavelmente ganhará), é ela quem me evoca os meus sentimentos pela Angélica, que citei lá no começo do texto. Aibileen, sua personagem, perdeu seu filho e parece se encontrar no papel de babá. Cada um dos meninos que ela cria acabam sendo um pouco seus. Consegue expressar com os olhos o que poucas atrizes conseguem: eles são duros pela vida que viveu, algumas vezes um olhar suave para menina que ela cuida. Ela vê ali, nas crianças, e nas histórias que escreve, talvez um futuro mais justo. É lindo, é tocante, e nos faz querer julgar menos as pessoas.

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Histórias Cruzadas (The Help), de Tate Taylor

146 minutos :: Estados Unidos :: 2011 :: estreia nos cinemas brasileiros em 03/02/2012

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  • The Help é um dos filmes simples e mais tocantes que já assisti…todos os personagens tem um certo encanto…Octavia Spencer e Viola Davis são duas super atrizes que estavam escondidas e agora renasceram…quem eu gostei muito tbm foi a menininha que a Aibileen cuidava…uma graça!:)

  • Alice diz:

    Li o livro nas férias e gostei bastante! Quero muito ver o filme, tomara que não fruste as minhas expectativas…

  • Eu também tenho a minha ‘mãe negra’, a Didi, que está na minha família há quase 30 anos. É engraçado como as histórias se repetem, Didi também foi essencial na formação da minha irmã , ela começou timidamente a observá-la em ação na cozinha e, hoje, é formada em gastronomia. Tenho certeza que vou aos prantos com esse filme!

  • Amei o livro! quero muito ver o filme!!! valeu pela dica Gui!

  • Cláudia diz:

    Excelente dica Gui! Assisti a poucos dias e adorei, realmente é tocante.

    Bju

  • Edu diz:

    amei o filme, ri e chorei horrores. a viola davis eu já conhecia, ótima atriz mesmo, não a toa roubou a cena em “dúvida”, agora a octavia spencer foi uma agradabilíssima surpresa.

  • Karine diz:

    Amei o filme tbm!!
    Ri horrores e chorei até soluçar – sim, o cinema estava vazio!

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