frances ha

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“O que você faz?”, pergunta um personagem a Frances.  “É meio difícil de explicar”, ela responde.  “Porque o que você faz é complicado?”. “Não”, ela diz, hesitante. “Porque na verdade eu não faço nada”.

francesha

Essa é Frances Ha. Adorável e perdida, e sem aquela necessidade extrema de mostrar pro mundo que tem um trabalho ótimo e uma vida maravilhosa – coisa comum nas redes sociais hoje em dia. Frances não é necessariamente uma pessoa movida pela sinceridade (em mais de um momento ela mente que está bem, quando na verdade não está), mas também não tem medo de simplesmente dizer a verdade: as coisas não andam bem. 

Frances Ha, o filme, é modesto a começar pela aparência: preto-e-branco, em grande parte situado dentro de apartamentos. Mas tem muito a dizer. Em primeiro lugar, sobre amizades. Amizades verdadeiras, daquele tipo em que um amigo conhece tanto o outro que às vezes chega a ser irritante (principalmente quando a gente faz algo e somos criticados; ficamos fulos mas sabemos que o amigo está certo em nos criticar). No caso de Frances Ha, são duas amigas – Frances e Sophie – que moram juntas “como um casal de lésbicas que não faz sexo”, como elas mesmas se descrevem. 

Às vezes um grande amigo faz escolhas que não nos agradam. Podemos nos afastar. É a vida. Mas é tão bom quando os dois se encontram novamente, e percebem que nada mudou – mesmo que eles não morem mais juntos, como Frances e Sophie. As lições aprendidas pelas duas surgem de modo natural, real, graças a um roteiro simples e eficiente escrito a quatro mãos pelo diretor Noah Baumbach e pela protagonista Greta Gerwig (que são um casal na vida real).

Greta, aliás, dá um show. Sua Frances é cativante e cheia de defeitos, como todos nós. Mas uma das maiores qualidades de Frances, para mim, é a modéstia nas suas ambições. Fiquei feliz por conhecer Frances, e aliviado ao ver que o cinema ainda pode me dar exemplos de gente que não quer rios de dinheiro, meia dúzia de apartamentos, ser famoso e invejado. Frances quer fazer o que ela gosta, e a conclusão de Frances Ha é uma imagem simbólica e eficiente de um pequeno objetivo alcançado, e a felicidade que se segue. Quero um mundo com mais Frances dançando fervorosamente David Bowie no meio da rua!

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Frances Ha (Frances Ha), um filme de Noah Baumbach

86 minutos / EUA / 2012 / em cartaz nos cinemas brasileiros desde 23/08/2013

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