corrente do mal
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Adolescentes vivendo num mundo onde os adultos não existem. Tardes gastas vendo TV, nadando na piscina no quintal, jogando conversa fora no quarto. Um sentimento de nostalgia e melancolia perpassa o filme. Poderia quase ser uma obra de Sofia Coppola ou um drama independente, não fosse Corrente do Mal um filme de terror. E dos bons.
Com estréia marcada para julho no Brasil (mais de um ano após causar frisson no Festival de Cannes de 2014), Corrente do Mal ganhou uma tradução bem mequetrefe em português. Mas o título original, simples e perfeito, é um pouco difícil de traduzir. It Follows: “isto segue” soa esquisito, e “ele segue” restringe a ameaça a um gênero. Ou melhor, dá um gênero ao terror do filme – é uma das coisas mais assustadoras da história é justamente essa ausência de limite.
Resumindo a história: após finalmente passar uma noite com o namorado, Jay (Maika Monroe) descobre que ele passou uma espécie de maldição para ela: a partir daquele momento, algo vai segui-la. Pode ser qualquer pessoa. Vai estar sempre em linha reta, à distância, se aproximando devagar. E se chegar perto dela, vai matá-la.
Essa é a ideia. Ridícula para alguns, magnífica para outros (eu incluído). O diretor David Robert Mitchell explora os 360 graus de possibilidade de ameaça na vida de Jay, fazendo panorâmicas assustadoras na escola onde ela estuda, nas ruas, em todos os ambientes. Contando apenas com a ajuda dos amigos (os pais dos adolescentes não são vistos), Jay passa longos períodos confinada no quarto, em imagens cheias de melancolia.
Já deu pra perceber que Corrente do Mal não é um terror comum? Sangue e afins praticamente não dão as caras. Mesmo quem não gosta desses “nojos” pode aproveitar um filme (há uma cena mais grotesca no prólogo, mas é a única!). E vejam como um bom diretor constrói o terror não com sustos e trilha sonora alta, mas criando um clima de medo e desconforto. Claro, uma boa trilha ajuda – e a de Corrente do Mal é magnífica, evocando os anos 80 e principalmente Halloween de John Carpenter. Desde que estreou nos EUA em janeiro, o filme figura entre os melhores do ano até o momento. Coisa rara para um filme de terror. Mas Corrente do Mal é um tipo raro de filme.
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