circo invisível

circo invisível

1978, San Francisco. Phoebe é uma adolescente chegando a seus 18 anos. Sem ter vivido ainda grandes emoções, sua vida de certa forma parou 8 anos antes, com a morte de sua irmã, Faith. Phoebe tem uma fixação por Faith. Passou a infância vendo a irmã vivendo de forma livre e sem medos, em plenos fins dos anos 60. Sua irmã completou 18 anos e foi pra Europa, onde nunca se sabe bem o que viveu, mas onde acabou se suicidando em um vilarejo na Itália.

Comprei Circo Invisível pelo nome da autora, Jennifer Egan. A Visita Cruel do Tempo, também dela, é um livro que me tocou muito e que volta e meia penso nele. Correndo os olhos pela livraria vi a capa. Cheguei até ele e fui descobrir que esse é seu primeiro livro, lançado em 1995 e só lançado no Brasil agora, 20 anos depois (provavelmente embalado pelo sucesso de A Visita Cruel do Tempo, ganhador do Pulitzer). Jennifer também foi uma adolescente de San Francisco, dessa mesma época, o que talvez a faça contar tão bem o que se passava por lá.

Livros com uma certa melancolia me atraem. Me atraem também livros e filmes de histórias de amadurecimento. Phoebe ao completar 18 anos resolve seguir os passos do que a irmã viveu na Europa com o intuito de descobrir o que aconteceu, e acaba por também se descobrir. Passando por acontecimentos como a relação entre pais e filhos e a vontade de viver cada dia mais intensamente e as frustrações que isso causa, a história é recheada por passagens tocantes em sua volta por vários países europeus. É interessante ainda como a autora coloca seus personagens em meio a pessoas reais da época, como Patty Hearst – neta de um magnata que se ficou conhecida quando foi sequestrada em 74 por membros do Exército Simbionês de Libertação, sofrendo lavagem cerebral e juntando-se aos sequestradores num assalto a banco -, Rudi Dutschke, um dos líderes do movimento estudantil alemão nos anos 1970, e Ulrike Meinhof, a jornalista fundadora da organização armada alemã de extrema-esquerda Fração do Exército Vermelho.

Descobri após ler o livro que ele foi adaptado para o cinema em 2001, num filme mal falado pela crítica chamado aqui no Brasil de Uma História a Três, com Jordana Brewster fazendo o papel de Phoebe (Camilla Belle faz a personagem quando criança) e Cameron Diaz como Faith. Aparentemente o filme tem como foco o romance do livro e deixa do lado de fora todos os questionamentos e vazios que Phoebe procura preencher em sua jornada.

Os anos 80 vão chegando e com isso uma nova época e uma nova vida vai se formando. Todo mundo cresce e todo mundo também é fruto do ambiente em que se cresce. Esperando se encontrar pelo caminho, cada um do seu jeito, cada um com seu passado.

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  • Luisa diz:

    Me lembrou um pouco aquele filme/documentário “Elena” da Petra Costa, sobre sua irmã.

    • gpoulain gpoulain diz:

      verdade! esse filme é lindo, né? ambos tem isso da irmã viajar pra tentar entender o que houve com a outra irmã em uma terra diferente, mesmo que em histórias bem diferentes.

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