carta amarela #95 – fogos de artifício

carta amarela #95 – fogos de artifício

Paris, 5 de novembro de 2014

Mon beau,

Não espero dar o que você espera de mim. Não espero, que fique claro, receber tudo o que espero de você. Vai ser melhor pra nós dois. Esperar coisas talvez seja o primeiro passo pra que qualquer relação dê errado.

Só te peço uma coisa: não me machuque. Se for pedir demais, pelo menos não deliberadamente. Sei que já combinamos passar essas semanas vivendo só momentos bons, com um fim já à vista. Sorrio todo dia com o quão você me apareceu no pior momento. E no quanto tornou esse pior momento no melhor deles. Sei que eu que pedia menos vontades, menos surpresas, menos apegos. E a vida veio de uma vez mostrar que a gente nunca sabe o que pode aparecer ali.

É impressionante o quanto as experiências ensinam para as pessoas. Mesmo assim ainda acho que não aprendi tanto com as minhas. Você sabe, continuo sendo impulsivo. Continuo falando pelos cotovelos. Isso você também sabe, e continua terminando sua comida muitos minutos antes de mim porque eu não paro de falar nem pra comer. Continuo olhando aqueles que amo com os olhos arregalados de admiração. Bom, isso eu não quero perder nunca.

Não dá pra simular entusiasmo. Isso tem que vir de dentro. Nada explica a química, as afinidades acidentais. Essas pequenas intercessões nas coisas que fazem as pessoas felizes. Todo mundo gosta de sorrisos, de bom humor, de histórias inteligentes.

Obrigado por ser interessado, ser aberto, querer descobrir. Mesmo com esse limite que a gente sabe que logo vai chegar. Obrigado por me acalmar, me ouvir, me fazer rir. Obrigado pelas conversas, pelas risadas, pelas mensagens, pelas noites em claro. Obrigado pelos cafés ao som de Mø. Nunca vou me cansar de cantar ao pé do seu ouvido: “let me love you all night long ’til the birds tweet singing along”. Obrigado por tentar ser mais pontual. Obrigado pelo abraço caloroso naqueles shows que a gente nem sabia se queria mesmo ver. Obrigado pela verdadeira alegria no seu sorriso, pelo encanto do olhar meio tímido, pelo molhado do beijo, pelo afeto do abraço, pelo macio da pele, pelo calor nesses dias tão frios e pela cumplicidade.

Vai ficar guardado um carinho enorme e boas lembranças dessas três semanas que estamos vivendo juntos. Espero ainda trombar com você pela vida, talvez se um dia eu voltar a Paris, talvez no Brasil, ou quem sabe em Guadalupe. Com sorte em dias de bom humor e cabelo idem.

Um beijo,

ton beau.

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