carta amarela #83 – um amor mais leve
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Belo Horizonte, 11 de junho de 2014
Queridos amigos,
Logo na segunda cedinho me peguei lendo uma notícia: um pedaço da mureta da Pont des Arts em Paris tinha desabado. Pra quem não conhece, é a ponte em Paris onde todo mundo coloca seus cadeados de amor. Sei que a intenção de fazer isso pode até ser fofa: Você está numa cidade conhecida como romântica, geralmente numa viagem a dois… Mas preciso confessar aqui que sempre achei disso meio… bobo. As pessoas se entregam muitas vezes à sorte numa relação. Vai vivendo, como se diz. Colocam o amor num cadeado, trancam e jogam a chave no rio, como se isso fosse um grande sinal de que aquilo vai durar a eternidade. Mas pra uma relação durar é necessário um esforço diário. Um esforço de ceder algumas vezes, de ter paciência, de enxergar sim os defeitos do outro mas sabendo que você tem muitos e muitos também. E aprender, em conjunto, a lidar com tudo isso.
Pra mim não deixa de ser uma metáfora ver esses cadeados todos derrubando parte de uma ponte. Nunca fui a favor de se “trancar” num relacionamento. As pessoas são indivíduos, e da mesma forma que a gente pensa nas coisas a dois, é importante pensar em si também. Não aguento os perfis de casal na rede social: cada um é um. E é por isso que a gente tem que aprender a confiar, por mais que isso seja difícil, e deixar o outro um pouco em paz também. Ciúmes faz mal é pra gente mesmo. E é essa prisão também que vai pesando, pesando, pesando numa relação e a ponte acaba desmoronando. É preciso aprender a ser leve, e fazer das nossas relações mais leves e livres também.
Nunca acreditei e nem esperei pelo amor da minha vida. Mas nomeei sim vários amores pra minha: meus pais, alguns amigos muito queridos, umas cartas e bilhetinhos que guardo bem guardadinhos. Alguns filmes, alguns livros, algumas músicas e alguns sentimentos tão ternos que meu coração se aquece só de pensar neles. São todos amores da minha vida. A gente não tem só um, mas vários pares perfeitos na vida. Vários pares que se tornam perfeitos na própria imperfeição da gente.
Sei que meus amores muitas vezes não encontram o Guilherme mais bonito. Mas sempre encontram aquele que aprendeu que a solidão é uma fonte de importantes descobertas quando se quer amar alguém um dia. Que sabe falar sinto muito porque sabe que erra algumas vezes. Que não dá ultimatos e sabe pedir com cuidado. Que pensa no individual mas pensa muito nos dois também. Que quer ser interessado mais que interessante. Ser apaixonado mais que apaixonante. Talvez seja assim o jeito que encontrei de fazer dos amores eternos enquanto durarem.
Um grande abraço, do tamanho que o coração puder caber,
Gui
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