carta amarela #28 – antes do anoitecer

Paris, 12 de agosto de 2012

Queridos amigos,

Vi um homem de terno e gravata deitado, 2 da tarde, num banco de praça, cochilando ao sol. O sol raramente aparece por aqui. E quando ele aparece é uma festa. Todos saem pelas ruas. Tomam sol de biquíni no meio da avenida. Aproveitam cada minutinho daquele calor, e de ter aquela pele por vezes bronzeada, por vezes vermelha e até descascando.

Aprendi aqui a amar o sol. Pra mim, no Brasil, ele era parte de todos os meus dias, e eu não me importava com ele. E quem ama se importa.

Assim também são as relações. Sinto uma solidariedade enorme porque eu sei que perder alguém e achar que nunca vai acontecer de novo é a pior sensação que existe. Sortudos somos aqueles que sabemos que acontece – às vezes do nada, mais rápido que se possa imaginar. Pra gente, não há duvidas. Existe mais pra se viver.

E por isso me sinto tão grato quando eu vejo o sol nascer. Porque é sinal que terei ele ali, pra mim. Por algumas horas que seja. Ele vai embora. Não sei quando volta. Pode ser amanhã, pode ser em um mês. Mas vou voltar a ser aquecido, um dia.

Sempre existe muito mais pra se viver.

Beijos do (talvez) meu último por-do-sol de verão em Paris,

Gui

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