carta amarela #15 – amor(es)
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Paris, 17 de maio de 2012
Queridos amigos,
Uma coisa eu sempre digo: não acredito em almas gêmeas. Aprendi desde cedo a probabilidade múltipla de diferentes combinações maravilhosas nesse mundo de bilhões de pessoas. Aprendi também, mas isso foi mais recente, que muita gente tem não um só, mas alguns pares perfeitos ao longo da vida. O surgimento de um novo amor não necessariamente rotula o antigo como uma escolha errada ou pior. Todos eles são parte da sua vida. E que as recordações da sua vida sejam felizes, não? Os amores talvez sejam mesmo cada vez maiores, a gente talvez realmente ame muito mais do que antes, e penso que isso deve servir muito mais como estímulo para tentar novamente quando acaba do que pra diminuir as nossas experiências passadas.
Já dizia Vinícius: que seja infinito enquanto dure.
Embora não fosse exatamente isso o que eu queria falar aqui. Vivemos à procura do príncipe encantado. Mas para e pensa: de nada adianta me iludir que o amor da minha vida entrou num avião que eu nunca peguei. Claro, se eu não o conheci, ele nunca será ‘o amor da minha vida’. A gente sempre espera que lá fora esteja nossa felicidade, e esquece de olhar que na verdade ela está onde você está. Sei que é cliché, mas tenho posicionado isso como uma verdade na minha vida.
Importa mesmo é a nossa capacidade de ser uma pessoa apaixonante e apaixonável ao mesmo tempo. Quem tem encantos e vê encantos tem uma probabilidade muito maior de se apaixonar. Nunca me esqueço daquela velha história de cuidar do jardim para atrair as borboletas. É uma analogia bem infantil até. Mas que ensina o que pra muita gente funciona como chave para achar alguém (ou ser achado, como muitos gostam de ver as coisas).
Enfim. Nada disso tudo que falei aqui explica a química e nem as afinidades acidentais. Não cabe a mim ficar entrando nesses méritos – e convenhamos – o mistério é muito mais gostoso. Vejo intercessões nas coisas que fazem as pessoas felizes. Todo mundo gosta de sorrisos, todo mundo. De bom humor, de histórias inteligentes. Todo mundo gosta de encontrar qualidades universais no outro. E as possibilidades são infinitas. Pra vir, basta apreciar as coisas do mundo, lançando novos olhares. Não perder a capacidade de se surpreender. Ser interessado, ser aberto, querer descobrir.
É. Talvez se apaixonar seja essencial. Mais ainda do que ser apaixonável. Mesmo que isso seja mais difícil também.
Um grande abraço, não tão apertado assim (é que as borboletas no estômago são muitas),
Gui
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