carta amarela #127 – se apaixonar

Itabirito, 1º de fevereiro de 2016

Queridos amigos,

Certa vez uma amiga me disse que eu me apaixonava muito fácil. Eu disse que sim. Me apaixono com uma frequência enorme. Me apaixono por uma foto, por uma cartinha, por um sorriso, por uma paisagem, por um livro, por amigos, por estranhos interessantes na rua, por confetes deixados no caminho, por um comentário carinhoso que me deixam. E eu só me tornei assim quando abri espaço em meu coração.

Pra isso é preciso uma boa dose de coragem. Coragem para tirar todas as coisas que ficam guardadas bem lá no fundo, por entre todos os infinitos caminhos que só um coração tem. Algumas dessas coisas é razoavelmente fácil de jogar fora. Outras, não tão cedo. Sempre vai ter uma gaveta para deixar essas coisas tão difíceis de serem descartadas. A gente sabe que não há verdade em conseguir limpar tudo de uma vez e em tempo relâmpago. A vida não é assim. A paciência é uma virtude, dessas que dão saúde pra quem as cultivam. Ser paciente com o tempo. No fim, tudo dá certo. E pra fazer dar certo a gente começa querendo que dê certo. A gente às vezes demora um pouquinho para se lembrar disso porque precisa de tempo. Porque a gente se prende a migalhinhas. Porque sente o coração partido quando vê sonhos se transformando em tempestade. Faz parte. Algumas vezes acontece mais do que você esperaria que acontecesse. Por isso gosto de quem não tem medo da chuva. O amor também é feito de trovoadas. A gente sabe que desilusão dura menos que uma estação.

É preciso lembrar que machucado cura quando você conhece um novo sorriso. Que a sua vida vale mais do que você imagina e, por isso, essa mesma vida merece ter o maior coração do mundo. Assim a gente fica forte. Feliz. Se torna alguém admirável. Se apaixona por tudo que é apaixonável. E o mundo até mais lindo fica.

Um abraço de um coração cheio de espaço pra encher de paixões,

Gui

• Fevereiro 1st 2016
• cartas amarelas
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