carta amarela #123 – ser

Belo Horizonte, primeiro de dezembro de 2015

Queridos amigos,

Tenho pensado muito no mundo de hoje. Muito. No que eu posso fazer pra tentar melhorar as coisas, desse pontinho mínimo que sou. Começo por buscar ser melhor. Ser melhor é alinhar pensamento e atitude. Encarar o espelho e refletir além do que se vê. É ser firme quando a perna está bamba. É ter responsabilidade enquanto o mundo inteiro mais parece uma casa desabada, incendiada, sem dono fixo.

É muito fácil gritar na internet. É muito fácil jogar toda a culpa em cima dos governantes. De algumas religiões. Do mundo. Quando somos nós mesmos próprios corruptos no nosso cotidiano. Quem aí corre mais que o limite de velocidade e só diminui na beirada do radar? Quem burla a lei seca? Quem pede um desconto se for sem nota fiscal? Que retira o cinto de segurança e fica em pé no avião assim que ele pousou, mesmo que o sinal de manter os cintos afivelados ainda está aceso? Que baixa música? Filmes? Eu poderia listar aqui mais uma série de itens. Eu me vejo por vezes fazendo algum desses. A gente usa a desculpa: “Ah, todo mundo faz”. Nessa própria falta de pensar a gente vai levando a vida. Continuando a tirar vantagens onde dá, sendo os donos da verdade em discussões acaloradas na internet. Parecer, ao invés de ser.

Talvez por isso mesmo não quero fazer o que “todo mundo” faz. Fazer melhor quando tudo tem cara de errado. Esse é o momento. Sempre é o momento. O genuíno momento. Porque sempre é tempo para uma nova partida. Ser melhor não só pra você mas, assim e de quebra, presentear todo o mundo que está em volta de você. E assim o amanhã já é melhor, mesmo que a gente ainda não o tenha.

Gui

• Dezembro 1st 2015
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