carta amarela #111 – quando reconheci o amor

carta amarela #111 – quando reconheci o amor

Belo Horizonte, 3 de junho de 2015

Queridos amigos,

Apesar de ter entrado numa fase de tentar racionalizar meu coração, me peguei pensando muito no amor nos últimos dias. Aprender o que é amor de fato é meio difícil. É algo que leva tempo. Escrevo com alguma regularidade sobre alguns amores que vivi, vi de perto e alguns com que somente sonhei. Tenho sentido que o amor de verdade é fácil de ser reconhecido. Em ser algo único. Em ser tão simples e também, tão tranquilizador. Em ser somente o que quer ser.

Eu sempre imaginei como seria o mundo repleto dele. Eu sempre tentei de certa forma definir algo talvez meio indefinível. Como seria a definição de um amor, daquele dos bons. Daqueles que não precisa pedir pra ficar nem voltar. De ser uma companhia mesmo na distância, afinal “estar perto não é físico”. Acho que nem pensar antes de fazer alguma coisa boa. Ir lá e fazer. Porque talvez o amor seja assim, vicia a gente em querer fazer o outro sorrir o tempo todo. Eu costumo dizer que não sei se já senti amor. Sempre acho que não porque o imagino de uma forma bem bonita, feliz e generosa. Que seja capaz de guiar tudo o que de melhor eu possa ser. Sei que idealizo o amor por vocação, não teimosia.

Vivo nas nuvens há mais tempo do que piso no chão. Assim, nada prático. Sempre senti muito tudo e tudo muito. Por mais que viessem me contar o quanto esse caminho possa ser solitário. Ou perda de tempo. Até ingenuidade. Mesmo ilusão.

Pedi licença temporária à vida para tentar racionalizar um pouco meu coração. Mas a natureza nunca me foge e eu me pego pensando no amor. No quanto eu mudei o rumo. Mas sempre me voltam as palavras. Essas não me faltam nunca. Elas vem pra dizer o quanto eu acho o amor bonito, sim. Que ainda existe por aí um amor sem aspas. Aquele sem mentiras. Sem promessas. Aprendi em minhas leituras que ser sensível tem lá sua nobreza. Mas aprendi com a vida que ser assim tem lá seus machucados. Desses bestas mas doloridos, feito quando a gente bate o dedão no pé da mesinha. Me basta acreditar que é o amor quem cuida das dores. Que dá as mãos quando a gente tem que seguir em frente. Que desafina comigo minha música preferida. Que pode me proteger das mentiras que me contam todos os dias. Aquele amor. Que quando apaga a luz do quarto, acende as estrelas.

É. Continuo nas nuvens. Nessas poucas que aparecem em dias de céus azuizinhos.

Gui

 

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 0 Flares ×
  • Ruzza diz:

    Gui,

    Belo texto. Acredito que o amor se reconhece nessa capacidade de acender estrelas em nós. Abraços

  • Flavia diz:

    Não existe o jeito certo ou errado, melhor ou pior de se levar a vida, seja ela no chão ou nas nuvens.
    Na minha opiniao, continue nas nuvens mesmo Gui :)

    Texto lindo como sempre. Parabéns.

  • Mundobrel diz:

    Esse texto está só amores.
    A arte está linda linda!
    Abração, Gui.

  • Grazi Machado diz:

    Me vi no seu texto. Incrivel a sua capacidade em traduzir em palavras tudo o que tenho guardado no peito sobre o amor.
    Texto maravilhoso *-*

  • Rogéria diz:

    Como vc escreve bem!!!
    Muito lindo mais uma vez, Gui!!!
    Parabéns!!!

  • Mia Macedo diz:

    Que texto lindo :’) e esse amor existe sim. Não é tão perfeito sempre, mas com certeza vale a pena.

  • Silvia Moreira Salles diz:

    Mo cuishle,

    Ainda luto para entender o amor romântico. Não sei se encontrarei um que me acompanhará por muitos anos. Consinto tanto com tudo que você escreveu… Parecia até que eu estava lendo a mim mesma. hehe

    O amor que consegui mesmo compreender e viver bem nessa vida é o amor pela família e pelos amigos. Então posso te dizer que te amo em dobro, meu primo e amigo tão querido!

    Beijos,
    Sil

  • Jéssica Labre diz:

    Guii, estou horas lendo suas cartas e estou simplesmente apaixonada. Conhecei você através do blog da Lu. Em tão pouco tempo você já me ensinou tanta coisa sem nem ao menos me conhecer. Obrigada!

  • Thais diz:

    Gui,

    Você é minha inspiração. Me sinto conectada a você de alguma forma que não sei explicar, mas sei que você me passa sentimentos muito bons!
    Sobre o assunto desta carta.. Aprendi que não é justa essa idealização do amor. Não é justo esperar pelo amor de cinema. Amor de cinema não existe. E isso não é desilusão, é apenas.. a vida.
    O maior amor que há nesse mundo é o amor próprio. É a aceitação, o autoconhecimento, a auto confiança. Esse é o amor que temos que buscar todos os dias.
    Se amar e se bastar é belo!! Belo demais!! E peça fundamental para passar a amar e receber amor alheio.
    É possível viver com os pés no chão, sem nunca, porém, deixar de voar.

    Beijos

  • Mara diz:

    Querido Gui,

    “Conheci” você ontem através do seu lindo e doce livro. Fiquei maravilhada com ele, com vc e com todo o amor existente em cada página. Perdoe-me pelo uso do tão íntimo adjetivo acima feito por essa completa desconhecida, porém não consegui encontrar nenhuma outra palavra que definisse minha impressão ao seu respeito.
    Quanto ao seu belíssimo texto, vc é puro amor!
    Um grande abraço recheado do amor que vive a nos rondar esperando que o aceitemos sem receios.

  • Arthur Mello diz:

    Guilherme, recebi seu livro. Pouco me importa se demorou. Ficou sensacional, pode se orgulhar sim cara.

Responder a gpoulain Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Pode usar estas etiquetas HTML e atributos: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>