carta amarela #107 – presentes

Belo Horizonte, 24 de março de 2015

Queridos amigos,

Pensei em escrever aqui sobre vários temas. Mas a única coisa que meu coração quer falar mesmo é da felicidade de tantos presentes que tenho ganhado nos últimos dias.

Ganhei o sorriso de um garotinho que veio com sua mãe buscar um bolo na minha casa. “Mãaaaaae, é o Guiiiii, o chef da televisão!”, ele disse, emendando com um: “Posso ser seu amigo?”. Me fez corar. Ganhei uma carta por e-mail. Assim, explico: Um leitor que escreveu à mão uma carta pra mim, e não tendo meu endereço, digitalizou e me enviou por e-mail. Quis que a carta fosse pessoal.

Ganhei uma música tocada ao vivo, do outro lado do facetime, milhas distantes. Ganhei um novo amigo. Alguém que eu admirava há tempos. Que eu descobri que me admirava também. Ganhei dois segredos, contados por amigos diferentes, em dias seguidos. Ganhei palavras de um amigo que eu não vejo há um tempão, com promessas de “vamos nos escrever toda semana?”. Ganhei um e-mail duro, desses recebidos de madrugada, com palavras meio tristes. Ganhei fotos lindas de amigos que se emocionaram vendo a aurora boreal pela primeira vez, lá da Islândia.

Ganhei um sorriso e um obrigado de uma mulher com fome na Francisco Sales, quando eu dei a metade da coxinha que eu estava comendo pra ela. Ganhei dias de céu azul. E ganhei um domingo de chuva pra ficar debaixo da coberta vendo filme. Ganhei reconhecimento. Ganhei um abraço demorado de um amigo querido. Ganhei uma cartinha vermelha vinda diretamente de Paris. Ganhei um perdão. Ainda erro. Muito.

Ganhei muito, muito, muito apoio com meu projetinho do coração. Ganhei ver meus pais atualizando todos os dias o site pra ver quanto já tinha sido arrecadado. Ganhei também deles o orgulho que sentiram de ver tanta gente estranha que admira o trabalho do filho deles. Fico com os olhos cheios de água só de lembrar da emoção do meu pai me falando que está orgulhoso de mim. E quando achei que não tinha mais nada pra ganhar, me vi recebendo uma mensagem dizendo: “obrigado por me fazer ver a vida de forma mais leve”.

Me senti feliz por ganhar tanta coisa. E sentindo que ainda dou tão pouco. O quão sortudo sou por ganhar tantos sorrisos? Acho que nunca vou entender.

Deixo aqui um grande abraço, cheio de palavras. É tudo o que consigo dar por hora.

Gui

• Março 24th 2015
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