cabaret

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Semana passada tive a oportunidade de rever Cabaret, de Bob Fosse. Quando assisti pela primeira vez, há uns dez anos, lembro de pensar: “Talvez esse seja o melhor musical de todos os tempos”. Minha opinião não mudou. Dentro do gênero, é um filme único.

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O local: Berlim no início dos anos 30. O hedonismo rola solto, num clima Grande Gatsby mais decadente e bem mais sexual. No cabaré do título, o Kit Kat Club, Sally Bowles (Liza Minelli) é a grande estrela, mas o Mestre de Cerimônias (Joel Grey) é uma figura igualmente forte. O professor de línguas Brian Roberts (Michael York), recém-chegado da Inglaterra, se envolve com Sally enquanto o nazismo ganha força… E Sally continua com seus sonhos de ser uma grande atriz.

Quem gosta de Chicago e não assistiu Cabaret não sabe o que está perdendo. Chicago é a adaptação de um musical (de teatro) dirigido e coreografado por Bob Fosse; as semelhanças entre os dois filmes são inúmeras. Mas perto de CabaretChicago parece refinado e comportado (e eu acho Chicago excelente). Cabaret exala fumaça, álcool e sexo; praticamente todas as coreografias incluem um contorcionismo sexual bem típico de Fosse. Poderia ser um filme “apenas” divertidíssimo e sensual, mas é desconcertante o modo como a ascensão do nazismo se mistura ao clima alegre do clube noturno.  

Ao contrário da maioria dos musicais, aqui as canções existem dentro da história – com a exceção de uma, todas são executadas no palco. E são canções absolutamente geniais: Liza Minelli brilha em vários momentos solo, mas o melhor número sem dúvidas é o dueto “Money, Money”, com o diabólico Mestre de Cerimônias. É engraçado, é provocante e é contagiante:

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O filme possui ainda um dos triângulos amorosos mais sensuais que já vi – isso que em nenhum momento seja mostrado sexo entre os três. É um caso raro em que consegui acreditar que cada vértice do triângulo realmente deseja os outros dois. Em uma cena de dança bêbada entre os três, a energia sexual é maior do que em filmes inteiros cheios de cenas soft porn.

Embora os personagens pareçam embriagados com esse clima de festa, o diretor não pretende criticá-los. A história vai logo logo acabar com a diversão, e nós somos simplesmente espectadores dos últimos momentos de paz. Cabaret funciona como uma espécie de réquiem animado e perverso para um estilo de vida condenado a durar pouco.

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Cabaret (Cabaret), um filme de Bob Fosse

124 minutos EUA 1972

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