bola vermelha
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tem dessas vezes em que a vida parece meio bagunçada, a gente anda, anda, como ciganos. tem hora que desabo, como quem chega de frente pro mar depois de tantas andanças, mas ainda sem conseguir mergulhar. algumas vezes a gente anda com uma nuvem carregada de tempestades em cima da cabeça. e não há guarda-chuva que salve. nessas horas gosto de caminhar meio sem rumo, pra ver a vida em volta andando. avistei algumas crianças brincando sobre trilhos. o menino do cabelo comprido pegou a bola na mão. quando me viu fotografando, tampou a cara com a bola vermelha. “qual o seu nome?”, perguntei. ele se tampou ainda mais e não respondeu. “o que você está fazendo sobre os trilhos?”, resolvi continuar. veio uma voz toda tímida, meio abafada pela bola: “tô treinando pra ser chuva”. gargalhei. ainda bem que as crianças existem.
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