a garota ideal

No primeiro ano do blog existia uma seção chamada cinema e gastronomia. Acabei deixando-a de lado, mas teve gente que sentiu falta e comentou por aqui. Daquela época, o texto que ficou mais famoso não era meu, e sim de um amigo querido. E é esse amigo que retorna aqui pra escrever sempre sobre cinema, também com afeto: Adriano Ferreira.

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Quando fui convidado para escrever aqui sobre cinema, tive o seguinte aval do Guilherme: “pode escrever sobre o filme que quiser”. Para o texto de inauguração, queria algo que envolvesse afeto. Como diz o nome do blog. Um filme afetuoso, talvez? Soa estranho. De qualquer forma, queria um filme que emanasse calor humano, um filme pra deixar o espectador feliz e satisfeito. Assim como uma boa refeição, talvez?

A Garota Ideal (Lars and the Real Girl) extrai afeição de uma premissa das mais estapafúrdias. O Lars do título original (um estupendo Ryan Gosling, que na minha opinião nunca esteve melhor) é um jovem timido, quase autista, que vive na garagem da casa do irmão casado. Um dia, Lars arruma uma namorada. Eis que surge Bianca! Uma boneca inflável de última geração.

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Ideia para uma comédia adolescente idiota, certo? Não aqui. A Garota Ideal é sim engraçado, mas acima de tudo é delicado e terno. O toque de gênio da roteirista Nancy Oliver é fazer com que toda a comunidade de Lars aceite Bianca. Claro que a princípio todo mundo acha estranho, mas o que importa acima de tudo é a felicidade de Lars. Lars é inocente, e até despreparado para viver no “mundo real”, por assim dizer. Se ele está feliz com uma boneca inflável, ei, por que não? Ele não está causando mal a ninguém. E então todos os conhecidos do rapaz – incluindo a igreja – acolhem Bianca. E o filme cresce de tamanho, duplica, quintuplica. Pois se torna um filme sobre todo mundo, sobre a eterna questão de aceitar o que é diferente.

Relativismo é muito mais fácil de ser aceito na teoria do que na prática. E provavelmente uma história como a de Lars nunca aconteceria na vida real. Mas é realmente encantador ver Lars chegando numa festa com Bianca, e a felicidade estampada no rosto dele quando os outros convidados enxergam em Bianca a namorada de Lars. Simples assim. Como diz um amigo, este é um filme sem vilões. É uma obra que me deixa feliz sem precisar arrancar gargalhadas, que aquece meu coração sem arroubos românticos. É maravilhoso por ser um dos maiores exemplos cinematográficos de tolerância dos últimos anos.

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A Garota Ideal (Lars and the Real Girl), um filme de Craig Gillespie

106 minutos / USA e Canada / 2007 / disponível para venda e locação

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